Ao longo dos anos, algumas obras dramatúrgicas, como séries e, essencialmente novelas em horário nobre, sendo estas principais produtos de exportação da televisão brasileira para o mundo inteiro, abordaram o tema do câncer de mama, através de personagens que não só emocionaram, mas se colocaram como um instrumento de serviço social ao alertar a população sobre a doença.
No entanto, é importante a cada nova abordagem, estarmos atentos às informações passadas para que não haja dúvidas ou distorções nas mensagens que podem (e devem) ser não só assimiladas pelo público, mas, efetivamente, servir de reflexão, alerta e orientação.
Na atual trama da novela das 21h, da Rede Globo de televisão, intitulada A Dona do Pedaço, mais uma vez o assunto vem à tona, através da personagem Gilda, interpretada pela atriz Heloísa Jorge. É inquestionável a importância e contribuição na disseminação da informação, porém a forma como inicialmente foi abordada poderia ser mais rica, o que ainda pode acontecer.
Ao descobrir a doença, a personagem se depara com a notícia de que o tumor é maligno e que precisará retirar a mama (mastectomia) para depois restaurá-la. Havia neste momento uma ótima oportunidade para chamar a atenção das mulheres para alguns pontos primordiais, tais como:
1. É preciso falar o nome em vez de utilizar a expressão “aquela doença”. O câncer de mama é uma das principais causas de morte da mulher brasileira, com mais de 13 mil mortes e 60 mil novos casos a cada ano. Precisamos mudar essa realidade e um dos primeiros passos é conscientizando a todos de que a doença existe, mas também existe diagnóstico precoce e muita chance de cura;
2. É importante a mulher conhecer o próprio corpo e o autoexame tem sua relevância, porém ele não substitui a consulta e o exame clínico por parte do mastologista, assim como a mamografia, exame que possibilita identificar lesões não palpáveis, com menos de 1cm. Reforçar que este é o profissional médico responsável pela saúde da mama também se faz necessário, pois ainda há desconhecimento dessa informação por boa parte da população;
3. Ao saber o diagnóstico, a personagem poderia ter recebido a orientação de procurar o MASTOLOGISTA, que avaliaria o tratamento ideal de acordo com o tipo de tumor, além da possibilidade de poupar a mama, tendo em vista os inúmeros estudos que comprovam tratamentos que minimizaram o número de mastectomia, ou seja, hoje se mutila bem menos as pacientes;
4. Reforçar a mensagem da importância do diagnóstico precoce, tendo em vista o alto número de pacientes diagnosticadas com o câncer de mama em estágio avançado, algo em torno de 40% no Brasil.
O alcance desses programas em todo o território nacional é inquestionável e o fato de quase 90% dos brasileiros se informar pela televisão sobre o que acontece no país, segundo dados da Pesquisa Brasileira de Mídia reforçam a possibilidade da teledramaturgia, efetivamente, prestar um serviço de utilidade pública. Para isso, é primordial contar com o apoio de especialistas para os mais variados assuntos.
A Sociedade Brasileira de Mastologia se coloca à disposição para colaborar, torcendo para que a atual trama tenha desdobramentos que possam informar ainda mais o público sobre o câncer de mama.
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