Este tipo de terapia é amplamente usado em tumores de pele e pulmão, por exemplo. No câncer de mama, sua eficácia começa a ser explorada
A imunoterapia estimula e auxilia o sistema imunológico (responsável pela defesa do organismo contra infecções e células tumorais) do paciente a atacar células cancerígenas. O tratamento pode ser feito basicamente de duas formas: estimulando o próprio sistema imune a trabalhar mais fortemente contra as células do câncer e/ou oferecendo ao sistema imunológico componentes feitos em laboratório, como proteínas do sistema imune que auxiliam no combate à doença.
Este tipo de terapia aumentou significativamente as chances de sobrevivência para muitas pessoas com melanoma, câncer de pulmão, bexiga e câncer de cabeça e pescoço. Sua aplicação como droga padrão no combate a todos os tipos câncer de mama também é explorada, mas os resultados das pesquisas ainda são iniciais.
Recentemente o FDA (US Food and Drug Administration), órgão americano responsável pelo controle e regulamentação de alimentos e fármacos, aprovou o primeiro tratamento imunoterápico para câncer de mama. O esquema é composto pela combinação de duas drogas (atezolizumabe e nab-paclitaxel) e destina-se às pessoas com câncer de mama em estágio avançado ou metastático do tipo triplo-negativo (quando não expressa receptores hormonais ou ausência de amplificação da oncoproteina Her2). Isso é significativo porque há poucos recursos disponíveis para esse subtipo de tumor de mama.
A seguir, o que se sabe:
- A imunoterapia é tratamento comprovado para o câncer de mama?
O FDA baseou sua decisão em um estudo com 902 mulheres que mostrou avanço no controle da doença (sobrevida livre de progressão) e na sobrevida global com essa nova combinação de medicamentos. No Brasil, as duas drogas estão disponíveis para tratamentos de outras neoplasias, não sendo ainda aprovados para uso em câncer de mama.
Há um número relativamente grande de outros medicamentos (quimioterápicos e drogas anti-hormonais) para a maioria de tipos e estágios de câncer de mama. Esses tratamentos têm produzido mais benefícios e menos efeitos danosos quando comparados ao que foi descoberto até agora sobre a imunoterapia.
- Quais pessoas com câncer de mama serão provavelmente mais beneficiadas com a imunoterapia?
Os testes clínicos indicam ser possível que pessoas com câncer de mama triplo-negativo obtenham melhores resultados com a imunoterapia do que pessoas com outros subtipos da doença. Também é mais provável que o procedimento funcione nas pessoas cujo câncer de mama tem mais mutações genéticas ou cujos tumores têm níveis mais altos de uma proteína chamada de PD-L1. Ainda, há dados que sugerem que a imunoterapia pode ser mais eficaz se utilizada no início do tratamento.
Mas a informação mais promissora até agora é a de que pessoas com câncer de mama localmente avançado ou metastático triplo-negativo PD-L1 POSITIVO, nunca tratado, podem vir a se beneficiar da combinação entre químio e imunoterapia, muito embora haja aumento da toxicidade, com efeitos colaterais que podem ser nocivos.
- Deve-se tentar a imunoterapia se um câncer de mama não respondeu a múltiplos tratamentos-padrão?
Infelizmente, estudos de imunoterapia para câncer de mama resistente a múltiplos procedimentos prévios não mostraram muitos benefícios para a grande maioria das pessoas. Entretanto, há sinais de que a imunoterapia eventualmente exercerá um papel no tratamento da doença.
- Quais são os desafios da imunoterapia?
Um desafio da imunoterapia é que ela pode causar importantes efeitos colaterais, incluindo os que representam risco de vida. Diferentes tipos de imunoterapia podem trazer diferentes efeitos colaterais. Os mais comuns são náusea, neuropatia periférica, anemia e fadiga. Outro desafio é o alto custo do tratamento, que seguradoras podem não cobrir.
- As pesquisas acerca da imunoterapia para câncer de mama estão em andamento?
Novas informações são esperadas nos próximos meses e anos, à medida que testes clínicos forem concluídos. Conduzidos no mundo todo, esses testes avaliam combinações de imunoterapia com drogas específicas à doença, sendo necessários para validar o papel da imunoterapia no tratamento do câncer de mama.
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