Reconstrução mamária é um direito de toda mulher brasileira
Em abril deste ano se completará quatro ano da Lei federal nº 12.802/2013, que garante às mulheres mastectomizadas o direito de ter suas mamas reconstruídas no mesmo ato cirúrgico. A Sociedade Brasileira de Mastologia – SBM continua atuando na direção de ampliar cada vez mais esse atendimento, auxiliando às mulheres na luta por terem seus direitos garantidos. Embora a reconstrução em mulheres atendidas pelo SUS tenha aumentado no período entre 2008 e 2014, de 15% para 29,2%, cerca de 7,6 mil mulheres tratadas pelo SUS em 2014 não puderam ser beneficiadas pela Lei, o que preocupa a entidade.
De acordo com o Dr. Cícero Urban, membro da SBM, a entidade tem priorizado a formação e o aperfeiçoamento dos mastologistas nesta área para ampliar o número de profissionais qualificados e aptos para a realização desse tipo de procedimento. “Nas mastectomias, além das próteses mamárias que tem sido cada vez mais empregadas na reconstrução imediata, também temos as técnicas de lipoenxertia, que tem melhorado os resultados em situações que no passado pareciam quase insolúveis. Mas é preciso deixar claro que as cirurgias reparadoras tem limites e indicações precisas. Elas são mais complexas do que as cirurgias estéticas e as pacientes precisam estar bem informadas de tudo isto”, explica o mastologista.
A SBM tem realizado cursos de cirurgia oncoplástica em todo o país, qualificando cada vez mais os mastologistas brasileiros. De acordo com o presidente do Conselho deliberativo da SBM, Ruffo de Freitas Júnior, a reconstrução mamária já está incorporada na maioria das residências médicas na Mastologia. “Além disso, cursos estão sendo realizados para aprimorar ainda mais especialistas em todo o Brasil”, afirma.
Estudos já demonstraram os benefícios psicológicos e da autoestima da mulher o que impacta diretamente no bom convívio social, matrimonial e retorno precoce as atividades laborais quando as pacientes são submetidas à reconstrução mamária imediata e é nessa direção que a SBM tem trabalhado para colaborar com a mulher brasileira nesse direito adquirido por lei.
Mitos e verdades sobre o câncer de mama e novidades no tratamento
A Revista Marie Claire preparou um dossiê sobre câncer de mama: mitos e verdades, prevenção, leis de proteção ao paciente e novidades sobre a cirurgia de reconstrução, com entrevista do Dr Antonio Luiz Frasson, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia.
Confira:
Tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma, o câncer de mamaresponde por cerca de 25% dos casos novos a cada ano. Especificamente no Brasil, esse percentual é um pouco mais elevado e chega a 28,1%. O Outubro Rosa levanta questões e alerta sobre a doença. Marie Claire conversou com Antonio Luiz Frasson, Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, e tirou as principais dúvidas sobre o tema.
Confira:
Marie Claire: Qual é a prevenção correta para o câncer de mama?
Antonio Luiz Frasson: A prevenção não deve focar apenas nos fatores de risco associados ao câncer de mama, mas também nos fatores de proteção. Alguns fatores que aumentam o risco para desenvolver a doença, como obesidade na pós-menopausa, exposição à radiação em altas doses, exposição a pesticidas, terapias de reposição hormonal, sedentarismo, alcoolismo e tabagismo são passíveis de intervenção; outros fatores como sexo feminino, avanço da idade, início da menstruação antes dos 12 anos, menopausa tardia, gravidez após 35 anos, história familiar para câncer de ovário ou de mama, alta densidade mamária e mutações genéticas (BRCA1, BRCA2, PALB B2 e outros genes importantes ) não podem ser modificados. Considerando os fatores passíveis de intervenção, é possível prevenir o câncer mantendo peso saudável, dieta balanceada, prática de atividade física, além de não fumar e não ingerir bebidas alcoólicas em excesso. Para mulheres na menopausa, é aconselhável fazer reposição hormonal apenas quando necessário, sob orientação médica. No caso de haver história familiar para câncer de mama ou ovário, o que pode e deve ser feito é uma investigação para identificar a possível presença de uma predisposição genética hereditária e, com base nesta avaliação, tomar decisões sobre intervenções redutoras de risco. Estima-se que por meio da alimentação, nutrição e atividade física é possível reduzir em até 28% o risco de se desenvolver a doença.
Marie Claire: A paciente deve ir anualmente ao mastologista ou a ginecologista já é suficiente para fazer os exames preventivos?
ALF: A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que a mulher faça uma consulta ao mastologista uma vez por ano, além de realizar a mamografia também anualmente, sobretudo as mulheres a partir dos 40 anos. A consulta ao ginecologista para realizar os demais exames preventivos é igualmente importante. O diagnostico precoce ainda é a melhor forma de evitar os efeitos devastadores da doença com tratamentos agressivos. Identificar o tumor precocemente significa aumentar as chances de cura e fazer tratamentos menos agressivos.
Marie Claire: Os próximos passos e possibilidades após o diagnóstico.
ALF: No momento em que se recebe o diagnóstico do câncer de mama, imediatamente a mulher tem a sensação de impotência diante de uma doença que, há poucos anos atrás, era praticamente uma sentença de morte. No entanto, com os avanços atuais nos métodos de rastreio, o diagnóstico de tumores pequenos permite altos índices de cura, cirurgias menos mutilantes, com excelentes resultados estéticos, assim como a descoberta a cada dia de tratamentos complementares mais eficientes que estão modificando o curso desta doença, antes devastadora, agora cada vez mais curável.
O apoio da família e dos amigos são fundamentais e excelentes coadjuvantes ao tratamento, assim como a procura por profissionais especializados no tratamento, neste caso o médico mastologista. Este saberá indicar a sequência ideal para tratar cada tipo de câncer. Cada vez mais o tratamento é individualizado de acordo com o perfil da paciente e tipo de tumor. O mastologista decidirá o tipo de cirurgia, a melhor maneira do tratamento com bons resultados estéticos (o que hoje chama-se oncoplástia), e se será necessário realizar quimioterapia ou hormonioterapia prévios ao procedimento cirúrgico. O mastologista também indicará outros profissionais envolvidos no tratamento do câncer, como oncologista clínico, radio-oncologista, fisioterapeuta, nutricionista e psicólogo, que são fundamentais para melhorar a recuperação e restabelecer a qualidade de vida da paciente.
Marie Claire: Mitos e verdades. O que pode provocar o câncer?
ALF: – Anticoncepcionais – MITO – Apesar de estudos relatarem aumentos ínfimos de risco para câncer de mama com o uso de anticoncepcionais orais com alta dosagem hormonal, estudos recentes com novas gerações desses medicamentos não comprovaram a associação entre o seu uso e o câncer de mama. Pesquisas sobre pacientes portadoras de mutação BRCA1 e/ou 2 também não apresentaram consenso de que essas pacientes possuam aumento do risco para câncer de mama pelo uso de anticoncepcionais.
– Uso de desodorantes – MITO – O câncer tem sua origem em uma mutação do DNA celular herdada ou adquirida por fatores ambientais. Nenhum tipo de desodorante tem potencial de causar modificação no DNA, muito menos o uso constante de sutiã. O que pode acontecer com o uso de determinados desodorantes são fenômenos dermatológicos como alergias, irritações ou foliculites, sendo indicado descontinuar o uso.
– Silicone – MITO – As próteses de silicone produzidas com a finalidade de uso médico não causam câncer de mama, podendo ser utilizadas com segurança tanto em pacientes que desejam cirurgia estética quanto naquelas com história ou presença de patologia mamária precoce.
– Reposição hormonal – VERDADE – Vários estudos demonstraram um pequeno risco aumentado para câncer de mama associado com terapia hormonal após a menopausa, principalmente após o quinto ano de uso. A terapia hormonal inclui terapia isolada de estrogênios e terapia combinada de estrogênio + progesterona. A terapia combinada apresenta um risco maior do que a que tem somente estrogênio. Outro efeito indesejado da terapia hormonal é o aumento da densidade mamária, que pode exigir exames complementares à mamografia (ultrassom ou ressonância magnética). É preciso discutir com seu médico os riscos e benefícios do seu uso para os sintomas da menopausa, devendo sempre levar em consideração outros potenciais fatores de risco associados ao câncer de mama, como a história familiar. Se possível, sua utilização não deve ser muito longa (acima de cinco anos).
– Gravidez – MITO – A amamentação representa fator de proteção para o desenvolvimento da doença, especialmente quando ocorre entre os 20 e 30 anos.
– Tabagismo – VERDADE – Pesquisas recentes levantam a possibilidade de que o fumo (tabagismo passivo e ativo) pode estar associado com um aumento do risco para câncer de mama, especialmente entre as mulheres na pré-menopausa. Este risco está associado com início precoce do tabagismo, maior duração e/ou maior quantidade de cigarros consumidos.
– Álcool – VERDADE – O consumo de álcool, mesmo em quantidades moderadas, está claramente associado ao aumento do risco para desenvolver câncer de mama de maneira proporcional à quantidade ingerida. Esse aumento do risco foi observado quando consumidos em quantidade superior a 10 gramas diários, o que corresponde a cerca de 1 cálice de vinho tinto cheio, 1 lata de cerveja ou uma dose de uísque. O mecanismo pelo qual o álcool aumenta esse risco é incerto, o mais provável é que decorra de aumento dos níveis de estrogênio e androgênios circulantes. Deve-se ressaltar que o aumento no risco ocorre em mulheres que ingerem álcool diariamente.
– Genética – VERDADE – Hereditariedade é fator de risco para casos de câncer de mama, mas não o principal fator de risco. Estudos comprovam que apenas 5% a 10% dos casos têm em sua base uma composição genética familiar. Testes genéticos podem ser realizados em mulheres com alto risco de mutações associadas ao câncer de mama para ajudar a decidir o melhor tratamento. Esses testes não estão disponíveis no sistema público de saúde.
Marie Claire: Quais as novidades sobre a cirurgia de reconstrução mamaria?
ALF: Mais antigamente, toda mulher que precisava retirar a mama por conta do câncer de mama precisava aprender a viver sem uma ou as duas mamas. Poucas eram as pacientes que conseguiam colocar um implante ou fazer uma reconstrução mamaria no ato da cirurgia. Já o médico, era visto como o profissional que retirava o tumor, mas não reconstruía a mama imediatamente. Felizmente, este cenário mudou ao longo dos últimos anos, e a partir de 2012 a mudança passou a ser maior também no sistema publico. . O governo federal sancionou a Lei Nº 12.802/2013, que garante às mulheres mastectomizadas o direito de ter suas mamas reconstruídas no mesmo ato cirúrgico.
Ainda é baixo o número de cirurgias reparadoras imediatas no sistema publico, mas o cenário começa a mudar lentamente, já que existe uma falta de infraestrutura do Estado de um modo geral. A Sociedade Brasileira de Mastologia entende que a reconstrução mamária faz parte do tratamento, já que afeta não só a estética e a sexualidade da mulher, mas, essencialmente, sua autoestima. Por isso, a entidade vem desenvolvendo ações que buscam diminuir a fila de mulheres que aguardam no Sistema Único de Saúde (SUS), promovendo treinamento de cirurgiões mastologistas com cirurgias oncoplásticas em cursos de educação continuada. Dentro deste contexto, mais de 500 mulheres já foram beneficiadas.
Outra novidade é que reduziu o número de mastectomias e esvaziamentos axilares, assim como aumentaram as cirurgias conservadoras e reconstruções com implantes. Isso significa que as pacientes terão menos complicações e uma melhor qualidade de vida, pois estão sendo submetidas a tratamentos menos agressivos e menos mutilantes.
Marie Claire: Quais são as leis criadas para as mulheres que têm a doença, mas que não são cumpridas?
ALF: 1 – Acesso à Mamografia a partir dos 40 anos
A Lei 11.664/08 garantia a toda mulher a partir dos 40 anos a realização anual do exame. No entanto, uma portaria, através do Ministério da Saúde, modificou a idade do acesso à mamografia de 40 para 50 anos em diante, além de limitar o exame para a mamografia unilateral, ou seja, somente em uma das mamas. Essa portaria alterou a lei de 2009 que dava direito a todas as mulheres e causou um mal estar generalizado. Diante disso, através de um projeto de Decreto de Lei, já aprovado em março de 2015, as entidades do setor, inclusive a SBM, conseguiram o apoio de deputados para voltar ao termo original da lei. O projeto, que agora está no Senado, ao ser sancionado, torna o acesso ao exame possível de novo a partir dos 40 anos de idade.
2 – Lei dos 60 dias
Sancionada há três anos, a lei nº 12.732/12 é ampla e contempla todo o paciente diagnosticado com câncer. No caso do câncer de mama, a lei prevê que todo paciente inicie o tratamento no prazo máximo de 60 dias após o diagnóstico. Essa medida é determinante para a saúde do paciente. Estudos mostram que as pacientes chegam a levar 90 dias ou mais para iniciar o tratamento, o que resulta na frequência de diagnósticos de tumores avançados – pelo menos de 60% a 70% dos casos, o que não colabora com a redução da mortalidade.
3 – Reconstrução Imediata
A Lei 12.802, sancionada em 24/04/2013, garante as mulheres que se submetem à mastectomia (retirada de uma ou das duas mamas) o direito de ter suas mamas reconstruídas no mesmo ato cirúrgico. A exceção são aquelas cujo quadro clínico não oferece condições para isso, ou seja, caso o estado da paciente ofereça riscos à sua saúde, a reconstrução não será feita imediatamente. Caso contrário, a reconstrução mamária imediata é um direito de cada mulher e precisa ser respeitada. No entanto, um estudo recente realizado pela Rede Goiana de Pesquisa em Mastologia revelou que das 210 mil mulheres que realizaram cirurgias de câncer de mama no Brasil entre 2008 e 2015 pelo SUS, quase 44% (92,5 mil) fizeram cirurgia de mastectomia. Dessas, apenas 18 mil (20%) tiveram suas mamas reconstruídas pelo SUS, um cenário alarmante, pois a maioria das mulheres vive mutilada há anos aguardando pela cirurgia, seja por falta de informação, medo, vergonha ou autoestima baixa.
Marie Claire: Como é feito o acesso à informação?
ALF: É notório o desconhecimento sobre a importância de se cuidar e, em muitos casos, medo de ir à consulta e receber um diagnóstico indesejado. Isso acaba afastando as mulheres da prevenção e tratamento. Nesse sentido, o comportamento da mulher precisa melhorar. Grande parte não procura acompanhamento médico, outras realizam exames, mas não vão buscar o resultado, e muitas desconhecem inclusive o mastologista, que é o médico responsável pela saúde das mamas . Segundo pesquisadores da Sociedade Brasileira de Mastologia, quanto menos informação as mulheres recebem sobre a prevenção do câncer de mama mais chances elas têm de morrer em consequência da doença. As taxas de mortalidade aumentaram nos estados onde há alto índice de exclusão humana e social e baixo índice de desenvolvimento humano, como é o caso de Rondônia, Tocantins, Santa Catarina, Maranhão, Piauí, Alagoas, Sergipe, Ceará. Já nos estados onde o índice de desenvolvimento humano é alto e a exclusão social é baixa, as taxas diminuíram, como nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
Hoje, a informação acontece nas unidades de saúde e meios de comunicação, mas ainda há muito desconhecimento e informações equivocadas.
Marie Claire: Quais os obstáculos para que esse acesso ao atendimento às mulheres com câncer de mama seja mais eficiente?
ALF: A falta de acesso no sistema publico é a principal preocupação e luta da Sociedade Brasileira de Mastologia. As mulheres que necessitam do atendimento pelo SUS encontram dificuldades para identificar onde e como agendar consulta com o mastologista, realizar a mamografia, biópsia e tratamentos, como quimioterapia e radiologia etc. Elas não recebem orientação adequada dos profissionais de saúde e são obrigadas a aguardar pela marcação através de um telefonema do Sistema de Centrais de Regulação (SISREG). Também há a questão de equipamentos quebrados em diversas unidades ou descalibrados e técnicos despreparados para fazer a mamografia.
Dentro deste contexto, os membros da Sociedade Brasileira de Mastologia se solidarizam com as mulheres que passam por dificuldades enormes na busca de um atendimento qualificado e humanizado, e oferece treinamento constante para seus associados, na busca de uma formação que permita um atendimento ágil, moderno, seguro, e dentro de padrões internacionais de uma assistência com qualidade e eficiência
Fonte: Revista Marie Claire
Pacientes com câncer de mama inicial não precisam fazer quimioterapia
Estudo revela que pacientes de câncer de mama inicial não precisam fazer quimioterapia
Uma pesquisa apresentada durante o encontro anual ASCO (American Society of Clinical Oncology), realizado em Chicago de 1 a 5 de junho, comprovou a eficácia do teste que confirma quando não há necessidade da quimioterapia como tratamento para mulheres com câncer de mama. O estudo denominado TAILORx, publicado no New England Journal of Medicine, confirmou que 83% de mulheres com tumores primário (até 2cm) e intermediário (entre 2cm e 5cm) e axila negativa, podem seguramente evitar o tratamento quimioterápico e suas comorbidades.
O estudo TAILORx recrutou mais de 10 mil mulheres com tumores de mama primários, receptores hormonais positivos, HER2 negativos e axila negativa que realizaram o teste molecular Oncotype DX em diferentes países. No estudo, 1.629 mulheres com tumores que apresentaram um escore do teste até 10 receberam apenas hormonioterapia e 1.389 mulheres com tumores até 5cm, com escore superior a 25, receberam quimioterapia seguida de hormonioterapia. Outras 6.711 mulheres com risco intermediário baseados no teste Oncotype, com escore entre 11 e 25, com tumores entre 0,5 cm e 5cm foram divididas em 2 grupos: um que recebeu apenas hormonioterapia e outro que recebeu quimioterapia seguida de hormonioterapia. Os resultados foram avaliados entre cinco e nove anos de acompanhamento, e não foram encontradas diferenças estatísticas na sobrevida livre de progressão e sobrevida global entre os grupos com riscos baixo e intermediário.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Antonio Luiz Frasson, confirmar que a sobrevida de quem tem risco intermediário é a mesma fazendo ou NÃO QUIMIOTERAPIA, foi a grande novidade do estudo. “Precisávamos entender o que ocorria com as pacientes de risco intermediário. Ao confirmar que 83% das mulheres que participaram do estudo estão no risco baixo ou intermediário, onde a quimioterapia não foi benéfica, nos anima porque desta forma muitas mulheres poderão ter uma melhor qualidade de vida”, disse Frasson.
A Sociedade Brasileira de Mastologia já recomenda o uso de testes realizados no Brasil, com o objetivo de selecionar adequadamente pacientes que tenham real benefício em realizar e a quimioterapia, evitando seu uso e os efeitos colaterais decorrentes, quando não há benefício em relação ao controle da doença e a sobrevida.
A quimioterapia é um tratamento muito eficaz, porém possui efeitos colaterais que afetam as pacientes, como a queda dos cabelos, enjôo, fraqueza, entre outros. “Agora os médicos terão mais assertividade para acrescentar ou não a quimioterapia ao tratamento”, afirma Frasson. Quando o resultado do teste mostra que a paciente tem um tumor de alto risco ela receberá a adição da quimioterapia, mas se mostrar que o risco é baixo ou intermediário, um tratamento como a hormonioterapia já pode ser suficiente com a mesma eficácia, para evitar o retorno do tumor. “Por isso, a SBM apoia a utilização dos testes no Brasil. Estudos como esse são essenciais para a evolução do tratamento da doença”, comemora o mastologista.
‘Fake news’ podem atrapalhar o tratamento contra o câncer de mama
Notícias falsas como cremes e chás milagrosos e até plantas que prometem curar o câncer de mama podem comprometer o tratamento contra a doença. Depois do susto de receber o diagnóstico, muitas mulheres começam a pesquisar sobre o tema e ainda se deparam com notícias falsas (fake news) que vão de tratamentos a diagnósticos. Essas notícias podem prejudicar o tratamento correto da doença. Algumas pessoas até abandonam o tratamento convencional e o acompanhamento médico por conta de notícias falsas.
Como o câncer de mama é o de maior incidência entre as mulheres brasileiras, a informação é uma arma importante para o diagnóstico precoce e, consequentemente, melhor resposta ao tratamento. “A credibilidade das informação sobre diagnóstico e tratamento devem sempre vir de médicos e especialistas que estejam tratando a paciente”, reforça o especialista.
Veja abaixo as principais notícias falsas sobre o câncer de mama:
Cremes, pomadas ou chás podem curar o câncer
Falso. Nenhuma dessas substâncias tratam ou evitam a doença. Evandro Fallacci explica que as alterações que desencadeiam o câncer começam no interior das células promovendo um crescimento descontrolado, por isso não podem ser evitadas com tratamentos alternativos. “Não existem relatos na literatura médica de que cremes e pomadas possam tratar câncer. Claro que manter uma vida saudável com boa alimentação, exercícios regulares, uso de protetor solar e boas noites de sono podem fortalecer o organismo, mas não evitam a maioria dos tipos de câncer”, diz o médico. Os tumores de pele são uma exceção, já que normalmente são prevenidos com o uso de bloqueadores dos raios solares.
Ter silicone faz com que a mulher tenha mais chances de ter câncer de mama
Falso. O especialista explica que não existem relatos científicos de que a doença seja desencadeada pelo uso de próteses de silicone. “O que acontece muitas vezes é que a mulher se preocupa com a estética do seio e deixa de fazer a visitar regularmente o mastologista para exames anuais. Com isso, a doença pode desenvolver-se sem diagnóstico precoce, mas não por causa da prótese”, explica o especialista.
Existem combinações de remédios de farmácia que substituem a quimioterapia
Falso. A quimioterapia, a cirurgia e a radioterapia são etapas fundamentais do tratamento do câncer de mama. Em alguns casos, elas podem ser combinadas. “Cada paciente deve ser tratada de maneira única” explica o mastologista.
Apenas mulheres acima dos 50 anos podem ter câncer de mama
Falso. Apesar de raro, existem mulheres que desenvolvem a doença mais cedo do que a maioria por uma predisposição genética ou por outros fatores como exposição excessiva à radiação na região do tórax. “Por isso, é muito importante fazer o autoexame e ir ao ginecologista regularmente”, lembra Evandro.
Se o resultado da mamografia der alterado a paciente está com câncer
Falso. Qualquer alteração deve ser vista com atenção, seja na mamografia ou durante o autoexame das mamas. No entanto, nem todas são malignas (cancerígenas). O exame pode indicar também cistos, nódulos e calcificações. O ideal é, sempre que detectada uma alteração, que a paciente procure um mastologista para esclarecimento e acompanhamento.
Apenas um exame é necessário para ter o diagnóstico de câncer de mama
Falso. Além da mamografia, outros exames complementares podem ser feitos dependendo do tipo e volume da mama, da idade e da presença de implantes mamários e histórico familiar. A ultrassonografia e a ressonância magnética são exemplos de exames complementares.
Consultoria: Hospital 9 de Julho
Fonte: O Estado de S. Paulo
Imunoterapia para o tratamento de câncer de mama é uma opção?
Este tipo de terapia é amplamente usado em tumores de pele e pulmão, por exemplo. No câncer de mama, sua eficácia começa a ser explorada
A imunoterapia estimula e auxilia o sistema imunológico (responsável pela defesa do organismo contra infecções e células tumorais) do paciente a atacar células cancerígenas. O tratamento pode ser feito basicamente de duas formas: estimulando o próprio sistema imune a trabalhar mais fortemente contra as células do câncer e/ou oferecendo ao sistema imunológico componentes feitos em laboratório, como proteínas do sistema imune que auxiliam no combate à doença.
Este tipo de terapia aumentou significativamente as chances de sobrevivência para muitas pessoas com melanoma, câncer de pulmão, bexiga e câncer de cabeça e pescoço. Sua aplicação como droga padrão no combate a todos os tipos câncer de mama também é explorada, mas os resultados das pesquisas ainda são iniciais.
Recentemente o FDA (US Food and Drug Administration), órgão americano responsável pelo controle e regulamentação de alimentos e fármacos, aprovou o primeiro tratamento imunoterápico para câncer de mama. O esquema é composto pela combinação de duas drogas (atezolizumabe e nab-paclitaxel) e destina-se às pessoas com câncer de mama em estágio avançado ou metastático do tipo triplo-negativo (quando não expressa receptores hormonais ou ausência de amplificação da oncoproteina Her2). Isso é significativo porque há poucos recursos disponíveis para esse subtipo de tumor de mama.
A seguir, o que se sabe:
- A imunoterapia é tratamento comprovado para o câncer de mama?
O FDA baseou sua decisão em um estudo com 902 mulheres que mostrou avanço no controle da doença (sobrevida livre de progressão) e na sobrevida global com essa nova combinação de medicamentos. No Brasil, as duas drogas estão disponíveis para tratamentos de outras neoplasias, não sendo ainda aprovados para uso em câncer de mama.
Há um número relativamente grande de outros medicamentos (quimioterápicos e drogas anti-hormonais) para a maioria de tipos e estágios de câncer de mama. Esses tratamentos têm produzido mais benefícios e menos efeitos danosos quando comparados ao que foi descoberto até agora sobre a imunoterapia.
- Quais pessoas com câncer de mama serão provavelmente mais beneficiadas com a imunoterapia?
Os testes clínicos indicam ser possível que pessoas com câncer de mama triplo-negativo obtenham melhores resultados com a imunoterapia do que pessoas com outros subtipos da doença. Também é mais provável que o procedimento funcione nas pessoas cujo câncer de mama tem mais mutações genéticas ou cujos tumores têm níveis mais altos de uma proteína chamada de PD-L1. Ainda, há dados que sugerem que a imunoterapia pode ser mais eficaz se utilizada no início do tratamento.
Mas a informação mais promissora até agora é a de que pessoas com câncer de mama localmente avançado ou metastático triplo-negativo PD-L1 POSITIVO, nunca tratado, podem vir a se beneficiar da combinação entre químio e imunoterapia, muito embora haja aumento da toxicidade, com efeitos colaterais que podem ser nocivos.
- Deve-se tentar a imunoterapia se um câncer de mama não respondeu a múltiplos tratamentos-padrão?
Infelizmente, estudos de imunoterapia para câncer de mama resistente a múltiplos procedimentos prévios não mostraram muitos benefícios para a grande maioria das pessoas. Entretanto, há sinais de que a imunoterapia eventualmente exercerá um papel no tratamento da doença.
- Quais são os desafios da imunoterapia?
Um desafio da imunoterapia é que ela pode causar importantes efeitos colaterais, incluindo os que representam risco de vida. Diferentes tipos de imunoterapia podem trazer diferentes efeitos colaterais. Os mais comuns são náusea, neuropatia periférica, anemia e fadiga. Outro desafio é o alto custo do tratamento, que seguradoras podem não cobrir.
- As pesquisas acerca da imunoterapia para câncer de mama estão em andamento?
Novas informações são esperadas nos próximos meses e anos, à medida que testes clínicos forem concluídos. Conduzidos no mundo todo, esses testes avaliam combinações de imunoterapia com drogas específicas à doença, sendo necessários para validar o papel da imunoterapia no tratamento do câncer de mama.
SBM repudia práticas de dentista que promete cura do câncer
A SBM repudia as práticas de um profissional dentista denunciadas em matéria veiculada no Programa Domingo Espetacular da Rede Record de Televisão em 28 de abril de 2019
Com formação no Ceará e, atualmente, atuando em São Paulo, dando aulas/treinamentos de modulação hormonal e prescrevendo essas substâncias para tratamentos para as mais diversas doenças que fogem da alçada de um dentista, este senhor, sem saber, atendeu uma paciente com câncer de mama e linfoma, acompanhada por uma repórter que gravou a consulta. Ao ser relatado pela paciente do problema, a primeira pergunta feita foi: “você quer viver ou morrer”. Em seguida afirmou: “se você quer viver então vai começar um tratamento com hormônios comigo e vai largar seus médicos”. Posteriormente, prescreveu uma série de hormônios, como estradiol, estriol, ocitocina, progesterona, testosterona, vitamina D3 e vitamina A.
Neste contexto, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), entidade que representa os especialistas de mama no território nacional, repudia veementemente a postura e o procedimento desse indivíduo. Em verdade, tais afirmações podem colocar seriamente em risco a saúde e vida da referida paciente. As orientações dadas são, exatamente, contrárias ao que os mastologistas recomendam para o tratamento de um quadro como o apresentado na matéria.
Assim, a Sociedade Brasileira de Mastologia, que se destaca pelo combate ao câncer de mama, não pode tolerar, de modo algum, esse ato noticiado na reportagem.
Sobreviventes do câncer de mama devem ser acompanhadas para monitorar o risco da recidiva da doença
Estima-se que o número de sobreviventes de câncer de mama nos EUA deve crescer a uma taxa de cerca de 80.000 por ano; até 2022, serão mais de 3,78 milhões
O conceito de “survivorship” ou “sobreviventes” compreende o acompanhamento a longo prazo das pacientes diagnosticadas com tumores de mama e que foram submetidas a tratamento. Estimativas recentes dos Estados Unidos indicam que centenas de milhares de vidas de mulheres foram salvas pela mamografia e avanços no tratamento nos últimos anos.
Essas pacientes devem ser acompanhadas para monitorar o risco de recidiva da doença, manejo dos efeitos colaterais e das eventuais sequelas físicas e psicossociais relacionados ao tratamento, além da promoção à saúde. Com isso, surge uma consonância de que precisamos de um novo modelo de assistência para esse grupo de mulheres, que têm necessidades de acompanhamento e de vigilância bem definidas.
Quem pode ser considerada uma sobrevivente de câncer de mama?
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), uma pessoa é considerada uma sobrevivente no dia em que é diagnosticada e durante o resto da vida.
Se a paciente vai comemorar o aniversário de sobrevivência, o oncologista provavelmente irá sugerir como marco inicial o dia em que completou o primeiro tratamento – a realização de cirurgia e, possivelmente, quimioterapia e/ou radioterapia.
À medida que a detecção e os tratamentos melhoraram, as mulheres que foram diagnosticados com a neoplasia estão vivendo mais. Enquanto no tratamento inicial, as pessoas referem a si mesmas como pacientes com câncer ou sobreviventes de câncer, após o tratamento, podem querer deixar a experiência para trás e seguir em frente sem autodefinições.
Como cuidar dessa população de pacientes em rápido crescimento com necessidades de cuidados de saúde tão específicas?
As pacientes enfrentam impactos potencialmente significativos do seu tratamento (por exemplo, fadiga, ondas de calor e alterações do humor decorrente da terapia hormonal; sintomas resultantes de alteração da função cardíaca por toxicidade da quimioterapia; e, eventualmente, restrições de amplitude à movimentação do braço relacionado com a cirurgia), e merecem cuidados de acompanhamento multidisciplinar de alta qualidade, abrangentes e coordenados.
Deve existir uma vigilância regular para a detecção precoce de uma eventual recidiva – reaparecimento da doença – o que inclui a realização de consulta médica e exames de imagem regularmente. Além disso, necessitam estar cientes da importância de manter um estilo de vida saudável, monitorar os sintomas pós-tratamento que podem afetar adversamente a qualidade de vida e eventual adesão à terapia endócrina.
Os médicos devem considerar o perfil de risco individual de cada paciente e as preferências de atendimento para abordar os impactos físicos e psicossociais. As sobreviventes devem receber apoio para tratar de depressão, ansiedade, comprometimento cognitivo, problemas de imagem corporal, preocupações sexuais, alterações funcionais e deficiências físicas, mudanças de relacionamento e outras dificuldades de função social.
Recomenda-se também a inclusão de cuidadores, parceiros e familiares nessa rede de apoio após o diagnóstico/tratamento. Compreender as preocupações particulares de cada mulher é essencial para intervenções eficazes.