Dia da Mamografia: exame é a melhor forma de salvar vidas

Estudo sueco publicado recentemente na Revista Câncer por Tabar e Cols (1) revelou que mulheres que realizam mamografia morrem menos do que àquelas que não fazem o exame rotineiramente. Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Antonio Frasson, afirma que o estudo vem oferecer uma resposta confiável para esta importante pergunta: se uma mulher realizar mamografia regularmente, quanto esta escolha aumentará suas chances de evitar sua morte por câncer de mama em comparação com aquelas que não optaram por não realizar mamografia regularmente?

Segundo o estudo, nas mulheres diagnosticadas com câncer de mama e que realizavam a mamografia periodicamente, a redução da mortalidade por esta doença foi de 60% em 10 anos após o diagnóstico, se comparada àquelas que não realizaram o exame regularmente. O levantamento mostrou ainda que a redução da mortalidade por esta doença foi de 47% em 20 anos após o diagnóstico se comparada com aquelas que não realizaram o exame rotineiramente.

De acordo com Frasson, essa diferença é atribuída à detecção precoce e tratamento em uma fase inicial da história natural do câncer de mama entre as mulheres que realizavam mamografia regularmente. Apesar dos avanços no tratamento (radioterapia, quimioterapia e hormonioterapia), as mulheres que participaram do rastreamento mamográfico tiveram a vantagem adicional da detecção precoce e receberam um beneficio muito maior com uma terapia menos agressiva e menos mutiladora do que as mulheres que não participaram. “Embora tenha sido dada muita atenção aos potenciais danos da participação de rastreamento mamográfico regular, pouca atenção foi dada aos danos de não participar do rastreamento regular”, afirma o mastologista.

Para ele, o maior dano é o aumento significativo do risco de morte por câncer de mama. Além disso, as mulheres que optarem por não participar do rastreamento terão uma taxa significativamente maior de câncer de mama avançado, com necessidade de cirurgias mais extensas, ocorrerão maior risco de linfedema, radioterapia e quimioterapia mais agressivas. “Estas mulheres experimentam efeitos físicos e cognitivos adversos significativos e duradouros”, diz o médico, acrescentando que para cada morte por câncer de mama evitada pelo rastreamento mamográfico, uma mulher será poupada dos estágios terminais da doença e ganhará uma média de 16,5 anos de vida.

Já Heverton Amorim, que é coordenador da Comissão de Imagem Mamária da SBM, afirma que não são poucos os estudos que reforçam a importância da mamografia para o diagnóstico precoce, muitas vezes questionada no Brasil. “Cada região tem a sua peculiaridade, mas é inegável que o rastreamento mamográfico de qualidade é determinante para o diagnóstico precoce e que as mulheres têm grande benefício com ele. Apesar do país ainda não contar com uma política mais severa para realizar o rastreamento, o mastologista tem um papel importantíssimo, pois realiza o rastreamento oportuno, podendo ainda individualizar o rastreio para suas pacientes. Aqui no Brasil contamos com um grande número de mastologistas que estão habilitados para realizar a leitura apropriada da mamografia”, ressalta ele, completando que a amostra do estudo é altamente relevante e por um período significativo.

Para Amorim, o estudo é mais uma comprovação quanto à eficácia do exame na luta pelo diagnóstico precoce que, consequentemente, aumenta a possibilidade de cura e diminui a mortalidade, associados aos avanços da terapia adjuvante na era moderna. “Acreditamos que é hora de focar a atenção na combinação de diagnóstico e terapia, em vez de vê-los como independentes ou pior como interesses concorrentes”, alerta.

Neste dia 5 de fevereiro, Dia da Mamografia, a Sociedade Brasileira de Mastologia preconiza a realização da mamografia anualmente para as mulheres a partir dos 40 anos. “Na realidade brasileira esse rastreamento é primordial”, diz o presidente Antonio Frasson, acrescentando que uma das bandeiras da entidade é apoiar a mulher no acesso à mamografia de qualidade, diagnóstico preciso e tratamento rápido.

O estudo

O estudo é apontado como de suma importância por incluir todas as mulheres com idade entre 40-69 anos em determinada região da Suécia, durante 39 anos do período de rastreamento (1977-2015). Além disso, também avaliou o período pré-rastreamento (1958-1976), permitindo comparações contemporâneas e históricas da taxa de morte por câncer de mama entre as mulheres na era pré-rastreamento e pós-rastreamento com mamografia totalizando 58 anos de avaliação.

Outro ponto crucial é o fato de a pesquisa usar uma nova metodologia para avaliar o impacto do rastreamento mamográfico, no qual foi calculada a incidência anual de câncer de mama fatal dentro de 10 anos e 20 anos, após o diagnóstico e comparando as mulheres que realizavam a mamografia regular com as que não realizavam. O estudo usou a incidência de câncer fatal com acompanhamento em longo prazo praticamente eliminando o viés de comprimento e reduzindo o viés de lead time.

Os resultados do estudo podem ser utilizados para a realidade brasileira.

Para saber mais consulte https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30411328.

  1. Cancer.2019 Feb 15;125(4):515-523. doi: 10.1002/cncr.31840. Epub 2018 Nov 8.

The incidence of fatal breast cancer measures the increased effectiveness of therapy in women participating in mammography screening.

Tabár L1Dean PB2Chen TH3Yen AM4Chen SL4Fann JC5Chiu SY6Ku MM3Wu WY7Hsu CY3Chen YC8Beckmann K9Smith RA10Duffy SW11.


Mamografia é segura e necessária

Médicos da Sociedade Brasileira de Mastologia alertam para “Fake News” que atrapalham o rastreio de casos precoces de câncer de mama no Brasil

Apenas 24,1% das mulheres entre 50 e 69 anos realizaram a mamografia pelo SUS em 2018. Os dados são da pesquisa realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia em parceria com a Sociedade Brasileira de Mastologia. Além da dificuldade de acesso para conseguir o diagnóstico e o tratamento, a SBM alerta para o grande número de mulheres que não faz o exame porque acreditam em informações inverídicas, as famosas “Fake News”.

Para o Dr. Vilmar Marques de Oliveira, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, o medo ainda afasta as mulheres de realizar os exames preventivos. “Há dúvidas sobre a radiação na hora do exame, periodicidade e até o desconforto com a dor. Mas podemos garantir que este é um exame seguro e o único capaz de identificar com precisão possíveis lesões”, explica o médico, completando que as mulheres podem buscar informações seguras e tirar dúvidas no site da SBM (www.sbmastologia.com.br).

Ele lembra que cerca de 80% dos nódulos encontrados nas mamas tendem a ser benignos. “Por isso a importância de consultar o mastologista para que ele oriente da melhor forma. Se a mamografia detectar alguma alteração o importante é fazer o diagnóstico e iniciar o quanto antes o tratamento para evitar futuras complicações e ter uma boa qualidade de vida, complementa o mastologista.

No Brasil, o rastreamento mamográfico é recomendado pelo Ministério da Saúde dos 50 anos aos 65 anos bianualmente (estratégia de menor impacto na mortalidade com melhor custo benefício e menor número de biópsias). A SBM / CBR / FEBRASGO recomendam rastreamento anual a partir dos 40 até os 75 anos. Essa estratégia é a que tem maior impacto na mortalidade e menor custo (levando em conta os anos de vida salvos com qualidade).


Dia Nacional da Mamografia: SBM esclarece dúvidas sobre o exame

Os médicos da Sociedade Brasileira de Mastologia identificaram as principais dúvidas das mulheres em relação à mamografia. Se você também tem dúvidas sobre esse importante exame, não deixe de ler as perguntas e respostas que separamos abaixo. Boa leitura!

1 – O que é mamografia?

A mamografia pode ser considerada o Rx da mama. É a principal forma de detecção precoce (prevenção) do câncer de mama na atualidade. Pode também ser utilizada para diagnóstico (esclarecimento) de lesões palpáveis. As mamografias modernas são exames de alta resolução podendo ser digital ou analógica. Devem ser realizadas rotineiramente no mínimo em duas incidências e em incidências adicionais se necessário.

2 – O exame é dolorido?

Ao realizar a mamografia, as mamas são submetidas a uma leve a moderada compressão com o propósito de deixar a espessura e distribuição da mama mais homogênea. Nesse sentido, essa compressão bem realizada é fundamental para proporcionar uma imagem de melhor qualidade. A grande maioria das pacientes tolera bem o exame e não relata dores ou desconfortos. Algumas mulheres apresentam mamas sensíveis com desconforto ao simples toque, palpação e exame físico. Essas pacientes costumam descrever dor ao efetuar o exame, o que pode ser amenizado evitando realizá-lo durante os períodos do ciclo menstrual em que a mama está mais sensível.

3 – O exame de mamografia causa câncer?

Esse é um questionamento comum afinal trata-se do Rx da mama, que tem o potencial de induzir ou contribuir para o surgimento de vários tipos de câncer quando a pessoa está exposta de forma excessiva e contínua. A princípio, toda mamografia é segura. Estudos prospectivos randomizados controlados demonstraram que populações de mulheres submetidas à mamografia de rastreamento (prevenção), além de apresentarem redução na mortalidade por câncer de mama, não apresentaram maiores taxas de outros tumores.

4 – Do que se trata o exame de rastreamento?

O rastreamento é uma estratégia de prevenção secundária do câncer de mama. Como não é possível evitar o câncer de mama com medidas de prevenção primária, vacinação como exemplo, utiliza-se a mamografia como forma de detecção precoce, já que é capaz de detectar o câncer de mama numa fase pré-clínica assintomática (não palpável) permitindo assim mudar a história natural da doença. O diagnóstico precoce e a instituição do tratamento em fases iniciais pode diminuir a mortalidade em até 30% reduzindo também o número de amputações (mastectomias), as sequelas (redução do linfedema por diminuição das linfadenectomias radicais axilares) e a radicalidade do tratamento (diminuição das quimioterapias).

5 – A amamentação ajuda prevenir câncer de mama?

A amamentação parece ser um fator que confere alguma proteção em relação ao câncer de mama. Entretanto, parece que mais importante do que amamentar seria ter o primeiro filho antes dos 30 anos. Mulheres que apresentam uma gravidez completa antes dos 30 anos têm até 30% de redução do risco de câncer de mama. Não obstante, aquelas que têm o primeiro filho após os 30 anos não apresentam aumento do risco.

6- Uma mulher que a mãe teve câncer de mama com 40 anos, com qual idade ela deverá fazer sua primeira mamografia?

Mulheres com parentes de primeiro grau (mãe, irmãs ou filhas) com história de câncer de mama antes dos 45 anos ou com história de câncer de mama bilateral ou câncer de ovário em qualquer idade são consideradas de alto risco. Para mulheres de alto risco, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) recomenda mamografia e RNM anual a partir dos 30 anos ou 10 anos antes do caso de câncer na família, porém nunca antes dos 25 anos. O Ministério da saúde recomenda para esse grupo mamografia após os 35 anos e não disponibiliza a RNM de rastreamento para essas mulheres. São consideradas também mulheres de alto risco aquelas com história de parentes de primeiro grau com câncer de mama em homem (irmão, pai ou filho).

7 – Quem tem prótese de silicone pode fazer mamografia?

Sim. As próteses de silicone não impedem a realização da mamografia. Elas apenas tornam o exame mais trabalhoso sendo necessária a realização de incidências adicionais. Nessa situação, a ultrassonografia pode ser útil por ajudar a complementar a avaliação das próteses e elucidar eventuais achados obscurecidos pelas próteses a mamografia.

8 – O autoexame substitui a mamografia?

Não. Infelizmente o autoexame isoladamente não demonstrou nenhuma capacidade em reduzir a mortalidade do câncer de mama. Como forma de autoconhecimento e empoderamento deveria ser encorajado. Entretanto, o autoexame rotineiro e frequente como forma de prevenção, além de não impactar na redução da mortalidade por câncer de mama, eleva a angústia e o medo uma vez que algumas mulheres acabam por desenvolver transtornos de ansiedade por dúvidas frequentes em relação aos achados do autoexame.

9 – Qual a idade recomendada para fazer a primeira mamografia?

A SBM recomenda a mamografia de rastreamento anual a partir dos 40 anos para mulheres de risco habitual e a partir dos 30 anos para mulheres de alto risco. O Ministério da Saúde recomenda mamografia de rastreamento até de dois em dois anos a partir dos 50 anos e anual a partir dos 35 anos para mulheres de alto risco. Entretanto, a mamografia diagnóstica, aquela que é solicitada para elucidação de alterações palpáveis, deve ser realizada em qualquer idade sempre que necessário.

10 – Quem cuida da mama é o ginecologista ou mastologista?

A mulher é que deve cuidar e zelar de sua saúde e assim das suas mamas. Para tal, deve procurar profissionais capacitados e habilitados a ajudá-la nesse sentido. Certamente, o Mastologista e o Ginecologista têm papel fundamental na prevenção e no combate do câncer de mama bem como o Radiologista. O Mastologista é o especialista em mama, já o Ginecologista é o médico clínico da mulher sendo os dois complementares.

Henrique Lima Couto

Coordenador do Departamento de Imaginologia da SBM Nacional
Tesoureiro SBM MG – Sociedade Brasileira de Mastologia Regional MG
Doutor em Saúde da Mulher Faculdade de Medicina UFMG


Mamografia: entidades e ministério divergem sobre idade mínima para exame de rotina; veja como funciona

Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA sugeriu que paciente com risco médio para câncer de mama faça mamografias regulares a partir dos 40 anos, e não mais dos 50. No Brasil, orientação é para quem tem entre 50 e 69 anos, mas entidades médicas discordam dessa recomendação.

Pesquisadores norte-americanos querem diminuir a idade mínima para fazer a mamografia de rastreamento, exame de rotina para mulheres sem sintomas de câncer de mama. Nesta semana, a Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos sugeriu que pacientes com risco médio para a doença devem começar a fazer mamografias regulares a partir dos 40 anos, e não mais dos 50.

📊 Contexto: A revisão nas recomendações veio após um aumento no número de diagnósticos de câncer de mama em mulheres mais jovens – um cenário que não é exclusivo dos Estados Unidos.

Os casos de câncer de mama no Brasil também cresceram nos últimos anos, se alastrando por todas as faixas etárias, incluindo as mais jovens. Mais de 73,6 mil casos novos da doença podem ser diagnosticados neste ano, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

No Brasil, as diretrizes do Ministério da Saúde indicam a realização da mamografia em duas situações: para rastrear ou para diagnosticar (ou não) o câncer de mama.
👉 1 – A mamografia de rastreamento é voltada para mulheres de 50 a 69 anos, com um intervalo de até dois anos entre um exame e outro. É recomendado para pacientes assintomáticas que, nessa faixa etária, fazem o exame para identificar possíveis lesões na mama que possam ser um câncer.

📝 Segundo o Inca, a maior parte dos casos de câncer de mama ocorre a partir dos 50 anos. As evidências científicas mostram que o rastreamento nessa faixa etária pode reduzir mortes.

👉 2 – A mamografia de diagnóstico é voltada para mulheres com sinais de câncer de mama, como caroços endurecidos, fixos e sem dor, ou mudança no mamilo. Nesse caso, pode ser feita em qualquer faixa etária com indicação médica e também em homens com sintomas da doença.

🧬 Quem tem histórico de câncer de mama ou de ovário na família também podem fazer mamografia em qualquer idade, com ou sem sintomas. A recomendação é de que pacientes nessas condições conversem com o médico para avaliar os riscos e a conduta a ser seguida.

Entidades médicas brasileiras divergem da orientação nacional e tentam há anos reduzir a idade mínima para a mamografia de rastreio, conduzindo a mesma discussão pautada nos Estados Unidos.

🎗️ Mulheres sem sintomas de câncer de mama devem fazer mamografia de rotina a partir dos 40 anos, uma vez ao ano, segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR).

Os dados mostram que 25% das mulheres com câncer de mama no Brasil desenvolvem a doença entre 40 e 50 anos. Por isso, existe essa divergência em termos de idade para o início do rastreamento mamográfico.
— Rosemar Rahal, médica mastologista da diretoria da SBM

O que diz o governo

Segundo o Inca, a recomendação do exame rotineiro para a faixa etária de 50 a 69 anos é baseada em estudos clínicos que acompanharam mulheres ao longo dos anos e que mostraram que não há benefícios em antecipar a mamografia de rotina.

🔄 Uma mudança nessa orientação só seria viável se novos estudos, feitos em vida real e não somente com dados teóricos, mostrarem que a eficácia de fazer mamografia a partir dos 40 anos.

“No Brasil, não há estudos clínicos desta forma, mas há em outras partes do mundo. Nós acompanhamos as evidências, avaliamos a qualidade dos estudos e, com base nisso, fazemos as recomendações”, disse ao g1 Arn Migowski, médico sanitarista e epidemiologista, chefe da divisão de detecção precoce e apoio à organização de rede do Inca.

Essa é apenas uma recomendação ministerial. Ou seja: não é proibido fazer mamografia em mulheres abaixo dos 50 anos que não tenham sintomas de câncer de mama.

“É permitido, o SUS paga. É bom para a mulher? A gente acredita que não. Pelas melhores evidências disponíveis atualmente, a gente acredita que não seja bom fazer”, explicou Migowski.

Em 2021, foram realizadas 3.497.439 mamografias em mulheres no SUS. A maioria – mais de 3,1 milhões – foram mamografias de rastreamento. Dessas, 2,05 milhões foram feitas em mulheres entre 50 e 69 anos (público-alvo) e 862,7 mil na faixa etária de 40 a 49 anos.

O que é a mamografia?

É o raio X das mamas. Apesar de causar desconforto temporário (e, em alguns casos, doer), pois comprime as mamas em um aparelho chamado mamógrafo, o exame é essencial para detectar alterações, como nódulos ainda não palpáveis que podem indicar o início de um câncer de mama.

A confirmação da doença é feita com uma biópsia. O câncer de mama tem tratamento, que pode ser menos agressivo e mais efetivo se detectado de forma precoce.

👩 O risco de desenvolver a doença aumenta com a idade, principalmente dos 50 anos para cima. Por isso, a estratégia do SUS é voltada para reforçar a realização da mamografia a partir dessa idade, já que a cobertura brasileira do exame de rastreio está abaixo dos 70%, porcentagem recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

👨 Homens também podem ter câncer de mama, mas o grupo representa apenas 1% de todos os casos. Em 2021, foram feitas 7.281 mamografias em homens para fins diagnósticos no SUS.

Qual a idade mínima para fazer a mamografia de rotina?

A orientação do Ministério da Saúde e do Inca é para que mulheres de 50 a 69 anos que não possuem sinais ou sintomas de câncer comecem a fazer a mamografia a cada dois anos. O objetivo é rastrear possíveis alterações nas mamas que são imperceptíveis para a paciente, mas não escapam do exame.

❌ De acordo com o Inca, antes dos 50 anos, as mamas são mais densas e com menos gordura, o que limita o exame e pode gerar resultados incorretos. Já na faixa etária acima dos 70 anos, o risco da mamografia revelar um tipo de câncer de mama que não causaria danos à mulher é maior.

✅ O benefício de antecipar a idade mínima para 40 anos é a possibilidade de encontrar um câncer de mama no início e passar por um tratamento menos agressivo e com maior chance de cura.

Para a mastologista Rosemar Rahal, o benefício de se fazer a mamografia de rotina mais cedo e de forma frequente é maior que o risco.

Se eu considerar que 25% das pacientes tiveram câncer de mama entre 40 e 50 anos, a partir de 50 anos eu vou ter um número maior de diagnósticos. Provavelmente, o que o Ministério da Saúde faz é focar nessa população que vai ter uma frequência maior da doença. Entretanto, 25% da população que teve câncer de mama e está entre 40 e 50 anos fica negligenciada.
— Rosemar Rahal, mastologista e diretora da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM)

Já o Inca considera o contrário: em mulheres fora da faixa entre 50 e 69 anos, as mamografias de rotina provavelmente não trarão benefícios – e os riscos serão ainda maiores.

🚨 Um dos principais pontos levantados pelo órgão é o alarme falso: o resultado pode dar falso-positivo – e deixar a paciente ansiosa e estressada – ou falso-negativo, dando uma errônea sensação de segurança à mulher.

O instituto ainda afirma que o exame feito em mulheres mais jovens pode mostrar lesões na mama que não vão evoluir para um câncer, gerando sobrediagnóstico e o sobretratamento.

“O que acontece hoje é que não conseguimos saber qual lesão, uma vez diagnosticada, vai ou não evoluir para um câncer de mama. Por isso, nós consideramos que a mamografia traz muito mais benefícios do que riscos”, rebateu a médica Rosemar Rahal.

Mulheres que queiram fazer a mamografia, mesmo fora do público-alvo e sem sinais de câncer, devem procurar ajuda de um médico para tirar as dúvidas e tomar uma decisão compartilhada.

“A mulher procura o serviço de saúde e, com o médico, compartilha essa decisão de fazer ou não a mamografia. Uma decisão consciente e compartilhada, não há problema nenhum [em fazer a mamografia]. É um direito da mulher”, disse o médico do Inca Arn Migowski, afirmando que não há comprovação de que antecipar a mamografia possa salvar vidas.

Para além da mamografia, a mulher deve estar atenta às modificações do corpo, segundo Migowski. E, em caso de qualquer mudança, buscar os serviços de saúde.

“Não é só aquele método-padrão de autoexame. É se questionar: ‘como a minha mama é normalmente?’. Aí ela pode apalpar a mama e observá-la em situações cotidianas, como na hora de tomar banho. Isso é uma autoconscientização sobre a mama. Ao se conhecer, ela saberá o que é um sinal de alerta”, disse.

⬇️ No final desta reportagem, você confere os principais sinais de câncer de mama e outras informações sobre a doença.

Para a médica Rosemar Rahal, a questão envolvendo a mamografia no Brasil também passa pela gestão da saúde. Segundo ela, é necessário que a paciente tenha acesso a mamografias de qualidade, a informações sobre a importância do exame e realização da biópsia, em caso de detecção de lesão.

“Isso é um grande gargalo hoje no Brasil: confirmar se aquilo é ou não é câncer”, afirmou a mastologista. “Nosso problema não é falta de mamógrafo. A questão é a paciente ter acesso em vários aspectos, como a uma indicação médica, principalmente entre aquelas que evitam a mamografia por medo do próprio exame ou do diagnóstico”, disse Rosemar Rahal.

↪️ O Brasil contava com 6.642 mamógrafos em maio de 2022 – 6.377 em uso. O número de estabelecimentos com mamógrafo no SUS era de 2.932. Esse é o dado mais recente.

↪️ Já a qualidade da mamografia é voltada para eficiência do diagnóstico. Um programa do governo federal monitora o funcionamento dos mamógrafos no SUS e a interpretação dos exames, além da conduta de profissionais de saúde. O objetivo é que a sensibilidade dos exames fique entre 85% a 90%, o que permite a detecção até de tumores pequenos e de baixa densidade.

Entre 2017 e agosto de 2021, o Programa de Qualidade em Mamografia do Inca avaliou 1.112 processos na primeira fase – desses, 85,7% foram aprovados.

Câncer de mama é mais agressivo em jovens?

Depende, de acordo com a médica Rosemar Rahal. O câncer de mama pode ser mais agressivo em qualquer faixa etária. Mas há estudos que mostram que tumores que crescem de forma rápida são mais comuns em pacientes abaixo dos 50 anos que “herdam” a doença.

O que nos chama atenção é que as pacientes que têm alguma mutação, ou seja, uma pré-disposição familiar para o desenvolvimento do câncer de mama, podem ter o que a gente chama de tumor de intervalo, que cresce de forma rápida e é mais agressivo. Esses tipos de tumores tendem a aparecer com maior frequência nas pacientes abaixo das 50 anos.
— Rosemar Rahal, mastologista

⚠️ Segundo o médico Arn Migowski, a mulher deve ficar atenta ao seguinte histórico de casos na família:

  • Caso de câncer de mama em homem;
  • Caso de câncer de ovário em mulher;
  • Caso de câncer de mama na mãe, filha ou irmã (principalmente em mulheres jovens).

Nesses casos, a mulher pode fazer a mamografia em qualquer idade, com ou sem sintomas. Mas a decisão deve ser tomada de forma conjunta com o médico, que pode direcionar o melhor caminho.
Entre 10% a 15% dos casos da doença estão relacionados a fatores como pré-disposição familiar, como alterações genéticas herdadas da família, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2.

🎗️ Saiba mais sobre o câncer de mama 🎗️

O que é o câncer de mama? É uma doença resultante da multiplicação de células anormais da mama, que forma um tumor com potencial de invadir outros órgãos. A maioria dos casos tem boa resposta ao tratamento, principalmente quando diagnosticado e tratado no início.

O câncer de mama é comum no Brasil? Sim. É o tipo mais comum, depois do câncer de pele, e também é o que causa mais mortes por câncer em mulheres. Em 2020, foram 17.825 óbitos.
Só as mulheres têm câncer de mama? Não. Homens também podem ter câncer de mama, mas isso é raro (apenas 1% dos casos).

O que causa o câncer de mama? Não há uma causa única. Diversos fatores de risco estão relacionados ao câncer de mama. Entre eles, comportamentais (obesidade e sedentarismo), história reprodutiva (uso de contraceptivos orais por tempo prolongado) e hereditários (alterações genéticas/histórico familiar de câncer de mama e ovário). A presença de um ou mais desses fatores de risco não significa que a mulher terá, necessariamente, a doença.

Quais são os sinais e sintomas do câncer de mama? A presença de um caroço (nódulo) endurecido, fixo e geralmente indolor é a principal manifestação da doença, estando presente em mais de 90% dos casos. Outros sintomas são: alterações no mamilo, pequenos nódulos na região embaixo dos braços (axilas) ou no pescoço, saída espontânea de líquido de um dos mamilos ou pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja.

Qualquer alteração na mama pode ser câncer? Nem sempre. Os sintomas precisam ser investigados o quanto antes, mas podem não ser câncer de mama. Qualquer caroço na mama em mulheres com mais de 50 anos deve ser investigado. Em mulheres mais jovens, qualquer caroço deve ser investigado se persistir por mais de um ciclo menstrual.

Como as mulheres podem perceber os sinais e sintomas da doença? Todas as mulheres, independentemente da idade, podem conhecer seu corpo para saber o que é e o que não é normal em suas mamas. A maior parte dos cânceres de mama é descoberta pelas próprias mulheres. O Inca recomenda que a mulher olhe, apalpe e sinta suas mamas no dia a dia para reconhecer suas variações naturais e identificar as alterações suspeitas.

É possível reduzir o risco de câncer de mama? Sim. Manter o peso corporal adequado, praticar atividade física e evitar o consumo de bebidas alcoólicas ajudam a reduzir o risco de câncer de mama. A amamentação também é considerada um fator protetor.

Como ocorre o diagnóstico? Alterações suspeitas na mama podem ser avaliadas pelo exame clínico das mamas, que é a observação e palpação das mamas pelo médico, e pela radiografia das mamas. Caso a mamografia identifique algo suspeito, é feita uma biópsia para confirmação ou não da doença.

Como é o tratamento? Depende do estágio do tumor, o tratamento pode ser local, com cirurgia e radioterapia, além da reconstrução mamária, ou o tratamento sistêmico, com quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica.

Fonte: Inca.

Texto extraido do Portal G1 (https://g1.globo.com/saude/noticia/2023/05/20/mamografia-entidades-e-ministerio-divergem-sobre-idade-minima-para-exame-de-rotina-veja-como-funciona.ghtml)