Nota à população sobre linfomas associados às próteses de mama

A Sociedade Brasileira de Mastologia esclarece que, em relação aos dados divulgados pela FDA, a agência americana responsável pelo controle de alimentos e medicamentos, e com base nos dados de conhecimento global desse e dos demais estudos analisados até o presente momento, não há necessidade de alarme em relação a riscos oncológicos ou em relação a outras doenças que possam ser provocadas pelas próteses mamárias. Os dados apresentados pelo FDA já são conhecidos da comunidade médica de especialidade.

O linfoma anaplásico de grandes células associado às próteses mamárias é um subtipo bastante raro de linfoma de células T, que se estima possa surgir um caso em cada 500 mil mulheres com próteses. Mesmo com o alerta dos 12 óbitos relacionados a esta doença nos Estados Unidos e na Austrália, os índices de cura para ela são bastante altos, ultrapassando 90% dos casos. A maioria das pacientes é tratada apenas com a remoção da prótese e da cápsula, sem a necessidade de quimioterapia ou radioterapia.

O silicone presente nas próteses mamárias é um elastômero e a sua viscosidade depende da sua massa molecular. Desde que foram lançadas estas próteses em 1962, foram criadas diversas gerações com diferentes viscosidades e texturizações no seu revestimento. As próteses atuais são de gel mais coesivo, com diversas camadas, o que permite que mantenham sua forma tanto na cirurgia estética quanto na reconstrução mamária. A grande maioria das próteses mamárias implantadas nas últimas duas décadas são texturizadas. Assim, não se consegue estabelecer um nexo causal claro entre a texturização e o surgimento desta doença, visto que quase não se implantam mais próteses lisas, e que também foram relatados casos de linfoma com próteses lisas.

É preciso ressaltar que as próteses mamárias são, entre todas as próteses implantadas no corpo humano com diferentes finalidades médicas, aquelas que foram mais extensivamente estudadas na literatura científica. Além disso, o silicone está na composição de diversos outros produtos da área médica, inclusive catéteres de quimioterapia e próteses de uso em outros órgãos e sistemas. É fundamental que quaisquer novos dados sejam analisados à luz de seus impactos para a saúde da população, levando em consideração os riscos potenciais envolvidos versus os benefícios conhecidos das terapêuticas empregadas.

Assim, a Sociedade Brasileira de Mastologia reitera o seu compromisso de vigilância e monitoramento constante de quaisquer informações que venham a afetar direta ou indiretamente a saúde e a segurança das pacientes sob os cuidados dos membros de nossa especialidade. E que não há nenhum dado até o presente momento que justifique qualquer mudança de postura ou intranquilidade por parte das pacientes portadoras de implantes mamários, sejam elas oriundas de cirurgias estéticas ou reconstrutoras. Devem essas pacientes apenas seguir com a realização de exame clínico mamário e exames de imagem regulares, e serem alertadas que esta é uma condição muito rara, para qual o seu cirurgião a estará monitorando.


Dores mamárias podem ser confundidas com câncer de mama

Mastalgia é o nome dado às dores mamárias que são comuns entre as mulheres, mas muitas desconhecem as suas causas. A mastalgia atinge cerca de 70% das mulheres, sem restrição de idade e, na maioria dos casos, as dores não representam nada grave. A recomendação da SBM é buscar uma consulta com o mastologista. Para muitas mulheres, as dores são confundidas com câncer de mama.

São três as definições de mastalgias:

  • Clínica, que geralmente acontece no período menstrual, durando sete dias e podendo piorar nos dias que antecedem a menstruação.
  • Acíclica, que pode ser constante ou intermitente, é mais comum no período da menopausa e pode estar relacionada aos quadros de inflamação das mamas, algum trauma, cisto mamário ou à gravidez.
  • Extramamária, que tem relação com a nevralgia intercostal, contratura muscular, artrite, fibromialgia, entre outras. Pode ter origem na parede torácica, e comumente a paciente relata que sente dor no início da mama. Elas são denominadas conforme a intensidade e os sintomas mais leves não têm interferência na vida da mulher. A dor severa pode se estender pela axila e pelo braço, tornando-se um empecilho nas tarefas do dia a dia.

Essas dores são relacionadas ao câncer de mama, mas em 90% dos casos a doença é silenciosa, ou seja, não causa dor. Isso não significa que um médico não deve ser procurado, os especialistas recomendam que esta seja a primeira atitude a ser tomada pelas mulheres caso sinta dor no peito.

Quando a consulta é marcada, muitas vezes o esclarecimento sobre a dor já é o suficiente para o alívio dos sintomas. Em outros, é necessário realizar exames complementares, como a mamografia e a ultrassonografia. Caso a mastalgia não tenha seus sintomas aliviados por meio da orientação verbal do médico, ele pode prescrever que a mulher tome anti-inflamatórios não-hormonais ou a prática de tratamentos de fisioterapia e acupuntura, que ajudam a amenizar a dor.


Cistos Mamários: motivo de consultas e dúvidas frequentes

Os cistos mamários são motivo de inúmeras consultas e dúvidas frequentes em consultórios de Mastologia. Fazem parte do processo de envelhecimento natural do tecido mamário e ocorrem em aproximadamente 75% das mulheres. Podem surgir rapidamente, de um dia para o outro, e a história típica é a de uma mulher que tem exames absolutamente normais, porém no dia seguinte pode acordar com um nódulo de mama.

O aparecimento é súbito e, na maioria das vezes, os cistos desaparecem espontaneamente com o passar do tempo, pois a área cística passa a ser reabsorvida ou progressivamente substituída por gordura. Portanto, os cistos mamários estão envolvidos com o processo de maturação e atrofia da glândula mamária. Este processo, de um modo geral, inicia em torno dos 27 aos 30 anos e perdura até a menopausa. Em mulheres que fazem terapia hormonal de substituição é frequente o achado de cistos mamários, mesmo após a menopausa.