Pacientes com câncer de mama inicial não precisam fazer quimioterapia
Estudo revela que pacientes de câncer de mama inicial não precisam fazer quimioterapia
Uma pesquisa apresentada durante o encontro anual ASCO (American Society of Clinical Oncology), realizado em Chicago de 1 a 5 de junho, comprovou a eficácia do teste que confirma quando não há necessidade da quimioterapia como tratamento para mulheres com câncer de mama. O estudo denominado TAILORx, publicado no New England Journal of Medicine, confirmou que 83% de mulheres com tumores primário (até 2cm) e intermediário (entre 2cm e 5cm) e axila negativa, podem seguramente evitar o tratamento quimioterápico e suas comorbidades.
O estudo TAILORx recrutou mais de 10 mil mulheres com tumores de mama primários, receptores hormonais positivos, HER2 negativos e axila negativa que realizaram o teste molecular Oncotype DX em diferentes países. No estudo, 1.629 mulheres com tumores que apresentaram um escore do teste até 10 receberam apenas hormonioterapia e 1.389 mulheres com tumores até 5cm, com escore superior a 25, receberam quimioterapia seguida de hormonioterapia. Outras 6.711 mulheres com risco intermediário baseados no teste Oncotype, com escore entre 11 e 25, com tumores entre 0,5 cm e 5cm foram divididas em 2 grupos: um que recebeu apenas hormonioterapia e outro que recebeu quimioterapia seguida de hormonioterapia. Os resultados foram avaliados entre cinco e nove anos de acompanhamento, e não foram encontradas diferenças estatísticas na sobrevida livre de progressão e sobrevida global entre os grupos com riscos baixo e intermediário.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Antonio Luiz Frasson, confirmar que a sobrevida de quem tem risco intermediário é a mesma fazendo ou NÃO QUIMIOTERAPIA, foi a grande novidade do estudo. “Precisávamos entender o que ocorria com as pacientes de risco intermediário. Ao confirmar que 83% das mulheres que participaram do estudo estão no risco baixo ou intermediário, onde a quimioterapia não foi benéfica, nos anima porque desta forma muitas mulheres poderão ter uma melhor qualidade de vida”, disse Frasson.
A Sociedade Brasileira de Mastologia já recomenda o uso de testes realizados no Brasil, com o objetivo de selecionar adequadamente pacientes que tenham real benefício em realizar e a quimioterapia, evitando seu uso e os efeitos colaterais decorrentes, quando não há benefício em relação ao controle da doença e a sobrevida.
A quimioterapia é um tratamento muito eficaz, porém possui efeitos colaterais que afetam as pacientes, como a queda dos cabelos, enjôo, fraqueza, entre outros. “Agora os médicos terão mais assertividade para acrescentar ou não a quimioterapia ao tratamento”, afirma Frasson. Quando o resultado do teste mostra que a paciente tem um tumor de alto risco ela receberá a adição da quimioterapia, mas se mostrar que o risco é baixo ou intermediário, um tratamento como a hormonioterapia já pode ser suficiente com a mesma eficácia, para evitar o retorno do tumor. “Por isso, a SBM apoia a utilização dos testes no Brasil. Estudos como esse são essenciais para a evolução do tratamento da doença”, comemora o mastologista.
‘Fake news’ podem atrapalhar o tratamento contra o câncer de mama
Notícias falsas como cremes e chás milagrosos e até plantas que prometem curar o câncer de mama podem comprometer o tratamento contra a doença. Depois do susto de receber o diagnóstico, muitas mulheres começam a pesquisar sobre o tema e ainda se deparam com notícias falsas (fake news) que vão de tratamentos a diagnósticos. Essas notícias podem prejudicar o tratamento correto da doença. Algumas pessoas até abandonam o tratamento convencional e o acompanhamento médico por conta de notícias falsas.
Como o câncer de mama é o de maior incidência entre as mulheres brasileiras, a informação é uma arma importante para o diagnóstico precoce e, consequentemente, melhor resposta ao tratamento. “A credibilidade das informação sobre diagnóstico e tratamento devem sempre vir de médicos e especialistas que estejam tratando a paciente”, reforça o especialista.
Veja abaixo as principais notícias falsas sobre o câncer de mama:
Cremes, pomadas ou chás podem curar o câncer
Falso. Nenhuma dessas substâncias tratam ou evitam a doença. Evandro Fallacci explica que as alterações que desencadeiam o câncer começam no interior das células promovendo um crescimento descontrolado, por isso não podem ser evitadas com tratamentos alternativos. “Não existem relatos na literatura médica de que cremes e pomadas possam tratar câncer. Claro que manter uma vida saudável com boa alimentação, exercícios regulares, uso de protetor solar e boas noites de sono podem fortalecer o organismo, mas não evitam a maioria dos tipos de câncer”, diz o médico. Os tumores de pele são uma exceção, já que normalmente são prevenidos com o uso de bloqueadores dos raios solares.
Ter silicone faz com que a mulher tenha mais chances de ter câncer de mama
Falso. O especialista explica que não existem relatos científicos de que a doença seja desencadeada pelo uso de próteses de silicone. “O que acontece muitas vezes é que a mulher se preocupa com a estética do seio e deixa de fazer a visitar regularmente o mastologista para exames anuais. Com isso, a doença pode desenvolver-se sem diagnóstico precoce, mas não por causa da prótese”, explica o especialista.
Existem combinações de remédios de farmácia que substituem a quimioterapia
Falso. A quimioterapia, a cirurgia e a radioterapia são etapas fundamentais do tratamento do câncer de mama. Em alguns casos, elas podem ser combinadas. “Cada paciente deve ser tratada de maneira única” explica o mastologista.
Apenas mulheres acima dos 50 anos podem ter câncer de mama
Falso. Apesar de raro, existem mulheres que desenvolvem a doença mais cedo do que a maioria por uma predisposição genética ou por outros fatores como exposição excessiva à radiação na região do tórax. “Por isso, é muito importante fazer o autoexame e ir ao ginecologista regularmente”, lembra Evandro.
Se o resultado da mamografia der alterado a paciente está com câncer
Falso. Qualquer alteração deve ser vista com atenção, seja na mamografia ou durante o autoexame das mamas. No entanto, nem todas são malignas (cancerígenas). O exame pode indicar também cistos, nódulos e calcificações. O ideal é, sempre que detectada uma alteração, que a paciente procure um mastologista para esclarecimento e acompanhamento.
Apenas um exame é necessário para ter o diagnóstico de câncer de mama
Falso. Além da mamografia, outros exames complementares podem ser feitos dependendo do tipo e volume da mama, da idade e da presença de implantes mamários e histórico familiar. A ultrassonografia e a ressonância magnética são exemplos de exames complementares.
Consultoria: Hospital 9 de Julho
Fonte: O Estado de S. Paulo
Dia da Mamografia: exame é a melhor forma de salvar vidas
Estudo sueco publicado recentemente na Revista Câncer por Tabar e Cols (1) revelou que mulheres que realizam mamografia morrem menos do que àquelas que não fazem o exame rotineiramente. Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Antonio Frasson, afirma que o estudo vem oferecer uma resposta confiável para esta importante pergunta: se uma mulher realizar mamografia regularmente, quanto esta escolha aumentará suas chances de evitar sua morte por câncer de mama em comparação com aquelas que não optaram por não realizar mamografia regularmente?
Segundo o estudo, nas mulheres diagnosticadas com câncer de mama e que realizavam a mamografia periodicamente, a redução da mortalidade por esta doença foi de 60% em 10 anos após o diagnóstico, se comparada àquelas que não realizaram o exame regularmente. O levantamento mostrou ainda que a redução da mortalidade por esta doença foi de 47% em 20 anos após o diagnóstico se comparada com aquelas que não realizaram o exame rotineiramente.
De acordo com Frasson, essa diferença é atribuída à detecção precoce e tratamento em uma fase inicial da história natural do câncer de mama entre as mulheres que realizavam mamografia regularmente. Apesar dos avanços no tratamento (radioterapia, quimioterapia e hormonioterapia), as mulheres que participaram do rastreamento mamográfico tiveram a vantagem adicional da detecção precoce e receberam um beneficio muito maior com uma terapia menos agressiva e menos mutiladora do que as mulheres que não participaram. “Embora tenha sido dada muita atenção aos potenciais danos da participação de rastreamento mamográfico regular, pouca atenção foi dada aos danos de não participar do rastreamento regular”, afirma o mastologista.
Para ele, o maior dano é o aumento significativo do risco de morte por câncer de mama. Além disso, as mulheres que optarem por não participar do rastreamento terão uma taxa significativamente maior de câncer de mama avançado, com necessidade de cirurgias mais extensas, ocorrerão maior risco de linfedema, radioterapia e quimioterapia mais agressivas. “Estas mulheres experimentam efeitos físicos e cognitivos adversos significativos e duradouros”, diz o médico, acrescentando que para cada morte por câncer de mama evitada pelo rastreamento mamográfico, uma mulher será poupada dos estágios terminais da doença e ganhará uma média de 16,5 anos de vida.
Já Heverton Amorim, que é coordenador da Comissão de Imagem Mamária da SBM, afirma que não são poucos os estudos que reforçam a importância da mamografia para o diagnóstico precoce, muitas vezes questionada no Brasil. “Cada região tem a sua peculiaridade, mas é inegável que o rastreamento mamográfico de qualidade é determinante para o diagnóstico precoce e que as mulheres têm grande benefício com ele. Apesar do país ainda não contar com uma política mais severa para realizar o rastreamento, o mastologista tem um papel importantíssimo, pois realiza o rastreamento oportuno, podendo ainda individualizar o rastreio para suas pacientes. Aqui no Brasil contamos com um grande número de mastologistas que estão habilitados para realizar a leitura apropriada da mamografia”, ressalta ele, completando que a amostra do estudo é altamente relevante e por um período significativo.
Para Amorim, o estudo é mais uma comprovação quanto à eficácia do exame na luta pelo diagnóstico precoce que, consequentemente, aumenta a possibilidade de cura e diminui a mortalidade, associados aos avanços da terapia adjuvante na era moderna. “Acreditamos que é hora de focar a atenção na combinação de diagnóstico e terapia, em vez de vê-los como independentes ou pior como interesses concorrentes”, alerta.
Neste dia 5 de fevereiro, Dia da Mamografia, a Sociedade Brasileira de Mastologia preconiza a realização da mamografia anualmente para as mulheres a partir dos 40 anos. “Na realidade brasileira esse rastreamento é primordial”, diz o presidente Antonio Frasson, acrescentando que uma das bandeiras da entidade é apoiar a mulher no acesso à mamografia de qualidade, diagnóstico preciso e tratamento rápido.
O estudo
O estudo é apontado como de suma importância por incluir todas as mulheres com idade entre 40-69 anos em determinada região da Suécia, durante 39 anos do período de rastreamento (1977-2015). Além disso, também avaliou o período pré-rastreamento (1958-1976), permitindo comparações contemporâneas e históricas da taxa de morte por câncer de mama entre as mulheres na era pré-rastreamento e pós-rastreamento com mamografia totalizando 58 anos de avaliação.
Outro ponto crucial é o fato de a pesquisa usar uma nova metodologia para avaliar o impacto do rastreamento mamográfico, no qual foi calculada a incidência anual de câncer de mama fatal dentro de 10 anos e 20 anos, após o diagnóstico e comparando as mulheres que realizavam a mamografia regular com as que não realizavam. O estudo usou a incidência de câncer fatal com acompanhamento em longo prazo praticamente eliminando o viés de comprimento e reduzindo o viés de lead time.
Os resultados do estudo podem ser utilizados para a realidade brasileira.
Para saber mais consulte https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30411328.
- Cancer.2019 Feb 15;125(4):515-523. doi: 10.1002/cncr.31840. Epub 2018 Nov 8.
The incidence of fatal breast cancer measures the increased effectiveness of therapy in women participating in mammography screening.
Tabár L1, Dean PB2, Chen TH3, Yen AM4, Chen SL4, Fann JC5, Chiu SY6, Ku MM3, Wu WY7, Hsu CY3, Chen YC8, Beckmann K9, Smith RA10, Duffy SW11.
Por que autoexame da mama mostrado no clipe de Anitta não é mais indicado
O novo álbum de Anitta, “Kisses”, foi lançado na sexta-feira (5) com direito a um clipe para cada música. Considerado o vídeo mais ‘empoderado’ do disco, o clipe de “Atención” mostra a cantora e diversas mulheres fazendo o autoexame da mama. Entretanto, apalpar os seios e a região da axila não é mais recomendado para detectar o câncer de mama há mais de uma década pelo Ministério da Saúde e o Inca (Instituto Nacional do Câncer).
“Apalpar os seios em casa é indicado apenas como uma forma da pessoa conhecer seu próprio corpo e procurar um especialista se encontrar algo diferente. Não é considerado um exame preventivo. Quando falamos em prevenção, devemos enfatizar os hábitos saudáveis [não fumar e beber], dieta equilibrada, prática regular de exercícios e controle de peso”, esclarece Paula Saab*, mastologista e membro da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).
Com o autoexame, geralmente a mulher não consegue identificar pequenos caroços (com cerca de 1 cm) ou que ainda estejam restritos ao ducto mamário –estrutura que carrega o leite durante a amamentação. Nesse estágio inicial, a chance de “cura” é aumentada em 95%.
Ao apalpar os seios a mulher só encontra tumores com mais de 2 cm, o que significa que o câncer já pode estar em um nível avançado. Por isso, a recomendação do Inca é que “a mulher continue apalpando os seios sempre que se sentir confortável para tal –seja no banho, seja no momento da troca de roupa, seja em outra situação do cotidiano”, sem se preocupar com técnica ou momento do mês específico. Além disso, nunca deixe de tomar outros cuidados preventivos e visitar o ginecologista regularmente –que pode fazer a apalpação adequada ou solicitar exames de imagem, quando necessário.
O autoexame pode desestimular outras avaliações
De acordo com o Inca, somente 35% das mulheres com câncer de mama identificaram o tumor com o autoexame. E o problema é que, ao fazer a apalpação e não encontrar nada, a pessoa pode acreditar que não tem problema algum e deixar de fazer avaliações de rotina que detectariam a doença precocemente.
Um estudo da SBM em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia revela que em 2017 era esperado que 11,5 milhões de mamografias fossem realizadas em mulheres com idade entre 50 e 69 anos atendidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde), mas apenas 2,7 milhões de exames foram feitos –uma cobertura de 24,1%, bem abaixo dos 70% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Enquanto no autoexame é difícil identificar um tumor em estágio inicial, na mamografia é possível encontrar esses pequenos nódulos irregulares e diminuir o número de mortes relacionadas ao problema”, acrescenta Solange Carvalho*, cirurgiã oncologista do departamento de mastologia do A.C. Camargo Cancer Center, em São Paulo.
Quando começar a fazer a mamografia?
De forma geral, a recomendação é que todas as mulheres visitem o ginecologista ao menos uma vez por ano. Além disso, quem possui baixo risco de desenvolver câncer de mama deve realizar a mamografia regularmente a partir dos 40 anos.
Já as que fazem parte do grupo de risco moderado ou elevado –devido a fatores genéticos, histórico de alterações benignas e hábitos como consumo excessivo de álcool, tabagismo e sedentarismo — devem iniciar a rotina de exames mais cedo, conforme orientação do especialista, segundo Alexandre Pupo Nogueira*, ginecologista e membro titular do núcleo de mastologia do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
E se eu achar algo com o autoexame? Apesar de com a apalpação geralmente só ser possível encontrar tumores em estágio um pouco avançado, se você identificar qualquer coisa diferente, mantenha a calma e busque ajuda médica. Saiba que alterações na mama não significam exatamente um câncer. “Podem ser apenas nódulos benignos que, claro, deverão ser acompanhados pelo médico da paciente”, finaliza Carvalho.
Fonte: Viva bem UOL
Imunoterapia para o tratamento de câncer de mama é uma opção?
Este tipo de terapia é amplamente usado em tumores de pele e pulmão, por exemplo. No câncer de mama, sua eficácia começa a ser explorada
A imunoterapia estimula e auxilia o sistema imunológico (responsável pela defesa do organismo contra infecções e células tumorais) do paciente a atacar células cancerígenas. O tratamento pode ser feito basicamente de duas formas: estimulando o próprio sistema imune a trabalhar mais fortemente contra as células do câncer e/ou oferecendo ao sistema imunológico componentes feitos em laboratório, como proteínas do sistema imune que auxiliam no combate à doença.
Este tipo de terapia aumentou significativamente as chances de sobrevivência para muitas pessoas com melanoma, câncer de pulmão, bexiga e câncer de cabeça e pescoço. Sua aplicação como droga padrão no combate a todos os tipos câncer de mama também é explorada, mas os resultados das pesquisas ainda são iniciais.
Recentemente o FDA (US Food and Drug Administration), órgão americano responsável pelo controle e regulamentação de alimentos e fármacos, aprovou o primeiro tratamento imunoterápico para câncer de mama. O esquema é composto pela combinação de duas drogas (atezolizumabe e nab-paclitaxel) e destina-se às pessoas com câncer de mama em estágio avançado ou metastático do tipo triplo-negativo (quando não expressa receptores hormonais ou ausência de amplificação da oncoproteina Her2). Isso é significativo porque há poucos recursos disponíveis para esse subtipo de tumor de mama.
A seguir, o que se sabe:
- A imunoterapia é tratamento comprovado para o câncer de mama?
O FDA baseou sua decisão em um estudo com 902 mulheres que mostrou avanço no controle da doença (sobrevida livre de progressão) e na sobrevida global com essa nova combinação de medicamentos. No Brasil, as duas drogas estão disponíveis para tratamentos de outras neoplasias, não sendo ainda aprovados para uso em câncer de mama.
Há um número relativamente grande de outros medicamentos (quimioterápicos e drogas anti-hormonais) para a maioria de tipos e estágios de câncer de mama. Esses tratamentos têm produzido mais benefícios e menos efeitos danosos quando comparados ao que foi descoberto até agora sobre a imunoterapia.
- Quais pessoas com câncer de mama serão provavelmente mais beneficiadas com a imunoterapia?
Os testes clínicos indicam ser possível que pessoas com câncer de mama triplo-negativo obtenham melhores resultados com a imunoterapia do que pessoas com outros subtipos da doença. Também é mais provável que o procedimento funcione nas pessoas cujo câncer de mama tem mais mutações genéticas ou cujos tumores têm níveis mais altos de uma proteína chamada de PD-L1. Ainda, há dados que sugerem que a imunoterapia pode ser mais eficaz se utilizada no início do tratamento.
Mas a informação mais promissora até agora é a de que pessoas com câncer de mama localmente avançado ou metastático triplo-negativo PD-L1 POSITIVO, nunca tratado, podem vir a se beneficiar da combinação entre químio e imunoterapia, muito embora haja aumento da toxicidade, com efeitos colaterais que podem ser nocivos.
- Deve-se tentar a imunoterapia se um câncer de mama não respondeu a múltiplos tratamentos-padrão?
Infelizmente, estudos de imunoterapia para câncer de mama resistente a múltiplos procedimentos prévios não mostraram muitos benefícios para a grande maioria das pessoas. Entretanto, há sinais de que a imunoterapia eventualmente exercerá um papel no tratamento da doença.
- Quais são os desafios da imunoterapia?
Um desafio da imunoterapia é que ela pode causar importantes efeitos colaterais, incluindo os que representam risco de vida. Diferentes tipos de imunoterapia podem trazer diferentes efeitos colaterais. Os mais comuns são náusea, neuropatia periférica, anemia e fadiga. Outro desafio é o alto custo do tratamento, que seguradoras podem não cobrir.
- As pesquisas acerca da imunoterapia para câncer de mama estão em andamento?
Novas informações são esperadas nos próximos meses e anos, à medida que testes clínicos forem concluídos. Conduzidos no mundo todo, esses testes avaliam combinações de imunoterapia com drogas específicas à doença, sendo necessários para validar o papel da imunoterapia no tratamento do câncer de mama.
Autoexame da mama não substitui exame clínico, diz Ministério da Saúde
Não só a cantora Anitta, mas boa parte das mulheres brasileiras não sabe que o autoexame das mamas já deixou de ser indicado para identificar e prevenir o câncer de mama. No clipe da canção recém-lançada, “Atención”, de seu mais novo álbum, a artista pop e outras mulheres aparecem fazendo o autoexame, como um alerta. No entanto, segundo o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o método, que já foi bastante preconizado, ajuda a conhecer o próprio corpo, mas não substitui o exame clínico das mamas.
O presidente da SBM, Antônio Frasson, explica que o autoexame deixou de ser recomendado em países mais desenvolvidos há mais de dez anos por não ser capaz de descobrir tumores de até 1 centímetro. Ao se autoapalpar e não identificar nenhuma alteração, a preocupação é que mulheres deixem de procurar atendimento médico e de fazer exames de detecção. Falhas neste rastreamento e a lentidão entre a confirmação e o tratamento contribuem para a mortalidade.
“O autoexame não é capaz de identificar lesões pré-malignas, lesões muito pequenas, antes de se tornarem câncer, propriamente dito, ou seja, não consegue descobrir as lesões quando elas podem ser tratadas mais facilmente”, afirma Frasson. Segundo ele, o autoexame só é preconizado onde não existe mamografia ou outro método de diagnóstico. A Europa e Estados Unidos, por exemplo, cita, não recomendam mais o autoexame. Na Índia, onde não há mamografia acessível, o método ainda é utilizado, mas para evitar complicações do câncer de mama.
A SBM avalia que a falta de informação sobre o câncer de mama atrapalha o diagnóstico e o tratamento. Para atualizar a sociedade sobre a doença, a entidade faz uma pesquisa online. No questionário, os profissionais também querem saber se as mulheres confiam no autoexame como forma de prevenir a doença. Eles também querem identificar gargalos que atrasam o acesso aos mamógrafos e o tempo que a paciente pode ter de esperar entre a confirmação e o início do tratamento. Esse tempo, não pode passar de 60 dias por determinação legal.
“Temos alguns levantamentos brasileiros mostrando que no sistema público os tumores são diagnosticados de forma tardia e que, quando existe uma queixa, de nódulo na mama, ou existe queixa de alteração no seio, há uma demora no diagnóstico. As mulheres têm dificuldade de marcar mamografia, biópsia, agendar consulta com especialistas. Então, queremos entender, em diferentes regiões e perfis de pacientes, aprender, como agilizar as duas etapas”, explica o médico.
Com a pesquisa, a primeira da SBM que consulta diretamente as mulheres, há ainda perguntas acerca de sinais, sintomas, fatores de risco e eficiência de campanhas. Para responder, é preciso ser mulher, ter mais de 18 anos e cerca de dez minutos disponíveis. O resultado deve ser anunciado até o fim deste mês. O questionário está no link: https://lnkd.in/d343z9W.
O Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer (INCA) confirmam a orientação da SBM sobre o autoexame. Orientam a mulher a apalpar as mamas sempre que se sentir confortável, a qualquer tempo, sem nenhuma recomendação técnica específica ou periódica. Os dados oficiais mostram que é mais comum mulheres identificarem caroços no seio casualmente (no banho ou na troca de roupa) do que no autoexame mensal. A mudança, de acordo com o ministério, surgiu do fato de que, na prática, muitas mulheres descobriram a doença a partir de uma observação casual e não por meio de uma prática sistemática de se autoexaminar.
Outra recomendação é que mesmo sem sintomas, mulheres a partir dos 40 anos façam anualmente o exame clínico das mamas e aquelas entre 50 e 69 anos, no caso de baixo risco, se submetam a mamografia, pelo menos, a cada dois anos. Esta periodicidade leva em conta benefícios e riscos da mamografia, que é um raio-X capaz de identificar tumores pequenos. Já mulheres consideradas de alto risco devem procurar acompanhamento individualizado. Este grupo inclui aquelas com história familiar de câncer de mama em parente de primeiro grau antes dos 50 anos.
O câncer de mama é o tipo de câncer mais frequente na mulher brasileira, com alta letalidade. Nesta doença, ocorre um desenvolvimento irregular das mamas, que se multiplicam até formar um tumor maligno. Os médicos não identificaram as causas precisas da doença, mas alertam para o crescente número de mulheres abaixo de 40 anos em tratamento.
Hábitos saudáveis e uma rotina de exercícios são as principais recomendações para evitar qualquer tipo de câncer. O tratamento pode variar entre cirurgia e quimioterapia.
SBM repudia práticas de dentista que promete cura do câncer
A SBM repudia as práticas de um profissional dentista denunciadas em matéria veiculada no Programa Domingo Espetacular da Rede Record de Televisão em 28 de abril de 2019
Com formação no Ceará e, atualmente, atuando em São Paulo, dando aulas/treinamentos de modulação hormonal e prescrevendo essas substâncias para tratamentos para as mais diversas doenças que fogem da alçada de um dentista, este senhor, sem saber, atendeu uma paciente com câncer de mama e linfoma, acompanhada por uma repórter que gravou a consulta. Ao ser relatado pela paciente do problema, a primeira pergunta feita foi: “você quer viver ou morrer”. Em seguida afirmou: “se você quer viver então vai começar um tratamento com hormônios comigo e vai largar seus médicos”. Posteriormente, prescreveu uma série de hormônios, como estradiol, estriol, ocitocina, progesterona, testosterona, vitamina D3 e vitamina A.
Neste contexto, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), entidade que representa os especialistas de mama no território nacional, repudia veementemente a postura e o procedimento desse indivíduo. Em verdade, tais afirmações podem colocar seriamente em risco a saúde e vida da referida paciente. As orientações dadas são, exatamente, contrárias ao que os mastologistas recomendam para o tratamento de um quadro como o apresentado na matéria.
Assim, a Sociedade Brasileira de Mastologia, que se destaca pelo combate ao câncer de mama, não pode tolerar, de modo algum, esse ato noticiado na reportagem.
Sobreviventes do câncer de mama devem ser acompanhadas para monitorar o risco da recidiva da doença
Estima-se que o número de sobreviventes de câncer de mama nos EUA deve crescer a uma taxa de cerca de 80.000 por ano; até 2022, serão mais de 3,78 milhões
O conceito de “survivorship” ou “sobreviventes” compreende o acompanhamento a longo prazo das pacientes diagnosticadas com tumores de mama e que foram submetidas a tratamento. Estimativas recentes dos Estados Unidos indicam que centenas de milhares de vidas de mulheres foram salvas pela mamografia e avanços no tratamento nos últimos anos.
Essas pacientes devem ser acompanhadas para monitorar o risco de recidiva da doença, manejo dos efeitos colaterais e das eventuais sequelas físicas e psicossociais relacionados ao tratamento, além da promoção à saúde. Com isso, surge uma consonância de que precisamos de um novo modelo de assistência para esse grupo de mulheres, que têm necessidades de acompanhamento e de vigilância bem definidas.
Quem pode ser considerada uma sobrevivente de câncer de mama?
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), uma pessoa é considerada uma sobrevivente no dia em que é diagnosticada e durante o resto da vida.
Se a paciente vai comemorar o aniversário de sobrevivência, o oncologista provavelmente irá sugerir como marco inicial o dia em que completou o primeiro tratamento – a realização de cirurgia e, possivelmente, quimioterapia e/ou radioterapia.
À medida que a detecção e os tratamentos melhoraram, as mulheres que foram diagnosticados com a neoplasia estão vivendo mais. Enquanto no tratamento inicial, as pessoas referem a si mesmas como pacientes com câncer ou sobreviventes de câncer, após o tratamento, podem querer deixar a experiência para trás e seguir em frente sem autodefinições.
Como cuidar dessa população de pacientes em rápido crescimento com necessidades de cuidados de saúde tão específicas?
As pacientes enfrentam impactos potencialmente significativos do seu tratamento (por exemplo, fadiga, ondas de calor e alterações do humor decorrente da terapia hormonal; sintomas resultantes de alteração da função cardíaca por toxicidade da quimioterapia; e, eventualmente, restrições de amplitude à movimentação do braço relacionado com a cirurgia), e merecem cuidados de acompanhamento multidisciplinar de alta qualidade, abrangentes e coordenados.
Deve existir uma vigilância regular para a detecção precoce de uma eventual recidiva – reaparecimento da doença – o que inclui a realização de consulta médica e exames de imagem regularmente. Além disso, necessitam estar cientes da importância de manter um estilo de vida saudável, monitorar os sintomas pós-tratamento que podem afetar adversamente a qualidade de vida e eventual adesão à terapia endócrina.
Os médicos devem considerar o perfil de risco individual de cada paciente e as preferências de atendimento para abordar os impactos físicos e psicossociais. As sobreviventes devem receber apoio para tratar de depressão, ansiedade, comprometimento cognitivo, problemas de imagem corporal, preocupações sexuais, alterações funcionais e deficiências físicas, mudanças de relacionamento e outras dificuldades de função social.
Recomenda-se também a inclusão de cuidadores, parceiros e familiares nessa rede de apoio após o diagnóstico/tratamento. Compreender as preocupações particulares de cada mulher é essencial para intervenções eficazes.
Câncer de mama e a teledramaturgia
Ao longo dos anos, algumas obras dramatúrgicas, como séries e, essencialmente novelas em horário nobre, sendo estas principais produtos de exportação da televisão brasileira para o mundo inteiro, abordaram o tema do câncer de mama, através de personagens que não só emocionaram, mas se colocaram como um instrumento de serviço social ao alertar a população sobre a doença.
No entanto, é importante a cada nova abordagem, estarmos atentos às informações passadas para que não haja dúvidas ou distorções nas mensagens que podem (e devem) ser não só assimiladas pelo público, mas, efetivamente, servir de reflexão, alerta e orientação.
Na atual trama da novela das 21h, da Rede Globo de televisão, intitulada A Dona do Pedaço, mais uma vez o assunto vem à tona, através da personagem Gilda, interpretada pela atriz Heloísa Jorge. É inquestionável a importância e contribuição na disseminação da informação, porém a forma como inicialmente foi abordada poderia ser mais rica, o que ainda pode acontecer.
Ao descobrir a doença, a personagem se depara com a notícia de que o tumor é maligno e que precisará retirar a mama (mastectomia) para depois restaurá-la. Havia neste momento uma ótima oportunidade para chamar a atenção das mulheres para alguns pontos primordiais, tais como:
1. É preciso falar o nome em vez de utilizar a expressão “aquela doença”. O câncer de mama é uma das principais causas de morte da mulher brasileira, com mais de 13 mil mortes e 60 mil novos casos a cada ano. Precisamos mudar essa realidade e um dos primeiros passos é conscientizando a todos de que a doença existe, mas também existe diagnóstico precoce e muita chance de cura;
2. É importante a mulher conhecer o próprio corpo e o autoexame tem sua relevância, porém ele não substitui a consulta e o exame clínico por parte do mastologista, assim como a mamografia, exame que possibilita identificar lesões não palpáveis, com menos de 1cm. Reforçar que este é o profissional médico responsável pela saúde da mama também se faz necessário, pois ainda há desconhecimento dessa informação por boa parte da população;
3. Ao saber o diagnóstico, a personagem poderia ter recebido a orientação de procurar o MASTOLOGISTA, que avaliaria o tratamento ideal de acordo com o tipo de tumor, além da possibilidade de poupar a mama, tendo em vista os inúmeros estudos que comprovam tratamentos que minimizaram o número de mastectomia, ou seja, hoje se mutila bem menos as pacientes;
4. Reforçar a mensagem da importância do diagnóstico precoce, tendo em vista o alto número de pacientes diagnosticadas com o câncer de mama em estágio avançado, algo em torno de 40% no Brasil.
O alcance desses programas em todo o território nacional é inquestionável e o fato de quase 90% dos brasileiros se informar pela televisão sobre o que acontece no país, segundo dados da Pesquisa Brasileira de Mídia reforçam a possibilidade da teledramaturgia, efetivamente, prestar um serviço de utilidade pública. Para isso, é primordial contar com o apoio de especialistas para os mais variados assuntos.
A Sociedade Brasileira de Mastologia se coloca à disposição para colaborar, torcendo para que a atual trama tenha desdobramentos que possam informar ainda mais o público sobre o câncer de mama.
Mamografia é segura e necessária
Médicos da Sociedade Brasileira de Mastologia alertam para “Fake News” que atrapalham o rastreio de casos precoces de câncer de mama no Brasil
Apenas 24,1% das mulheres entre 50 e 69 anos realizaram a mamografia pelo SUS em 2018. Os dados são da pesquisa realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia em parceria com a Sociedade Brasileira de Mastologia. Além da dificuldade de acesso para conseguir o diagnóstico e o tratamento, a SBM alerta para o grande número de mulheres que não faz o exame porque acreditam em informações inverídicas, as famosas “Fake News”.
Para o Dr. Vilmar Marques de Oliveira, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, o medo ainda afasta as mulheres de realizar os exames preventivos. “Há dúvidas sobre a radiação na hora do exame, periodicidade e até o desconforto com a dor. Mas podemos garantir que este é um exame seguro e o único capaz de identificar com precisão possíveis lesões”, explica o médico, completando que as mulheres podem buscar informações seguras e tirar dúvidas no site da SBM (www.sbmastologia.com.br).
Ele lembra que cerca de 80% dos nódulos encontrados nas mamas tendem a ser benignos. “Por isso a importância de consultar o mastologista para que ele oriente da melhor forma. Se a mamografia detectar alguma alteração o importante é fazer o diagnóstico e iniciar o quanto antes o tratamento para evitar futuras complicações e ter uma boa qualidade de vida, complementa o mastologista.
No Brasil, o rastreamento mamográfico é recomendado pelo Ministério da Saúde dos 50 anos aos 65 anos bianualmente (estratégia de menor impacto na mortalidade com melhor custo benefício e menor número de biópsias). A SBM / CBR / FEBRASGO recomendam rastreamento anual a partir dos 40 até os 75 anos. Essa estratégia é a que tem maior impacto na mortalidade e menor custo (levando em conta os anos de vida salvos com qualidade).