A importância da mamografia no diagnóstico precoce do câncer de mama

mamografia é a principal aliada no diagnóstico precoce do câncer de mama, doença que é uma das principais causas de morte em mulheres. Isso porque, o exame revela a presença de tumores malignos em estágios ainda assintomáticos — o que agiliza o início do tratamento e favorece o prognóstico.

Aproveitando que em fevereiro é celebrado o Dia Nacional da Mamografia, resolvemos esclarecer as principais dúvidas a respeito. Para saber quando ela é indicada, como é realizada e o que a diferencia da ultrassonografia de mamas, continue a leitura!

Como a mamografia ajuda no diagnóstico precoce do câncer de mama?

A mamografia é o principal exame empregado no rastreamento do câncer de mama. Quando oportuna e efetiva, ela favorece:

  • um melhor prognóstico da doença;
  • tratamentos mais simples e eficientes;
  • menores taxas de morbidade associadas.

Para se aprofundar no assunto, leia: Câncer de mama: tudo o que você precisa saber

Para tanto, deve-se estar conscientes em relação à saúde das mamas. Entre os sinais suspeitos, que merecem ser investigados, destacam-se:

  • quaisquer tipos de nódulos (caroços) mamários, em mulheres com 50 anos ou mais;
  • nódulos que perduram por mais de um ciclo menstrual, a partir dos 30 anos;
  • nódulos mamários de consistência dura e fixos, em qualquer idade;
  • nódulos mamários que aumentam de tamanho, em qualquer idade;
  • lesão eczematosa que não melhora com tratamentos tópicos;
  • inchaço mamário progressivo;
  • pele avermelhada, com aspecto de casca de laranja;
  • retração na pele da mama;
  • secreção sanguinolenta unilateral;
  • alteração no formato do mamilo;
  • presença de nódulos axilares (embaixo dos braços) ou no pescoço.

No caso dos homens, a incidência do câncer de mama é menor. Neles, o principal sintoma da doença é a presença de nódulo mamário palpável.

Caso note alguma dessas alterações, deve-se procurar ajuda médica. O/A profissional irá avaliar o quadro e, se necessário, dar andamento à investigação.

Quando o exame de rastreamento é indicado?

O exame de rastreamento deve ser feito a cada dois anos, sendo indicado para mulheres com idades entre 50 e 69 anos — a chamada população-alvo, de acordo com o Ministério da Saúde. Mas, muitas sociedades médicas preconizam o rastreamento anual, a partir dos 40 anos de idade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS),o impacto na redução da mortalidade em decorrência da doença justifica a realização periódica da mamografia de rotina.

Já para mulheres identificadas com alto risco para o desenvolvimento da neoplasia (com elevada predisposição hereditária ou histórico de radioterapia para tratamento de linfoma de Hodgkin),mas pertencentes às demais faixas etárias, recomenda-se o acompanhamento clínico individualizado. Nesses casos, também existem estratégias de rastreamento pré-definidas para cada caso.

Assim, a mamografia é indicada pelo/a médico (cirurgião oncológico, ginecologista ou mastologista) em quadros específicos. O diagnóstico do câncer de mama, no entanto, é obtido somente após a biópsia, por meio do laudo histopatológico.

Para entender como é o caminho até a confirmação da doença, leia: Como é o diagnóstico do câncer de mama

Qual é a diferença entre a mamografia e ultrassonografia de mamas?

A mamografia é um exame radiológico, onde se utiliza um tipo de raio-x específico para as mamas. Ela é realizada no mamógrafo, um equipamento que as comprime para a obtenção de imagens das estruturas internas.

Apesar de incômoda, a compressão é necessária para que os tecidos das glândulas mamárias sejam, adequadamente, visualizados. Dessa maneira, pode-se identificar pequenos nódulos ainda imperceptíveis à palpação, permitindo o diagnóstico em estágios iniciais da doença. Além disso, a mamografia também é empregada no acompanhamento do tratamento, quando confirmada a neoplasia.

Já a ultrassonografia de mamas, obtida por ondas sonoras de alta frequência, é indicada para o diagnóstico e acompanhamento de diversas doenças mamárias. Entre elas, inclui-se o câncer de mama.

Entretanto, é importante reforçar que ela não substitui a mamografia. Isso porque, sua aplicabilidade como método de rastreamento para detecção precoce do câncer de mama não possui a mesma efetividade.

Assim, trata-se de um exame indicado para mulheres sem sintomas de problemas mamários, anualmente, a partir dos 25 anos. Pode, também, ser indicada para pacientes com mamas densas, assim como de maneira complementar a mamografias inconclusivas, ajudando a diferenciar cistos e tumores sólidos.

É empregada, ainda, no monitoramento de procedimentos invasivos, realizados para a análise de nódulos suspeitos, bem como para monitorar a resposta terapêutica em pacientes submetidas à quimioterapia. Além disso, é indicada quando é preciso avaliar processos inflamatórios em pacientes que colocaram próteses mamárias há menos de seis meses.

Para concluir, caso seu/sua médico/a tenha solicitado uma mamografia, realize-a o mais breve possível. Como mostrado, quando o câncer de mama é detectado em fases iniciais, as chances de cura aumentam. Além disso, estudos mostram que mulheres que fazem o exame de rastreamento periodicamente são menos propensas a necessitarem de tratamentos agressivos, como a mastectomia.


Tire suas dúvidas sobre imunização e o câncer

Pacientes oncológicos podem ter baixa imunidade — tanto por conta da doença, quanto do próprio tratamento. Com isso, tornam-se suscetíveis a contrair infecções, o que pode colocar sua saúde em risco, além de atrasar cirurgias e sessões de radioterapia ou quimioterapia. Dessa forma, falar sobre a imunização e o câncer é fundamental.

Neste artigo, abordamos como é a vacinação para o público adulto e idoso, em geral, e para aqueles em tratamento oncológico. Continue a leitura e entenda as diferenças.

Qual é a importância da vacinação para adultos e idosos?

Conforme constatado no último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),o Brasil está passando por um processo de envelhecimento acelerado. A projeção é de que, em 2060, um em cada quatro brasileiros terá mais de 65 anos.

Portanto, antes de abordarmos a questão da imunização e o câncer, vamos falar sobre a sua importância para adultos e idosos em geral. Como se sabe, manter a caderneta de vacinação atualizada permite prevenir a ocorrência de diversas doenças infecciosas, muitas das quais são passíveis de complicações.

Essa medida simples, associada a um estilo de vida saudável, faz com que nós não apenas vivamos mais, mas tenhamos mais qualidade de vida.

Quais são as vacinas recomendadas para adultos e idosos?

Segundo a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm),há diversas doenças imunopreveníveis no contexto dos adultos e idosos. São exemplos: sarampo, febre-amarela, hepatite A, hepatite B, difteria, influenza (gripe),doenças pneumocócicas (incluindo a pneumonia),caxumba, coqueluche, HPV e herpes zóster.

A cobertura para esse público inclui as seguintes vacinas: dT e dTpa, tríplice viral, hepatite B, influenza e febre-amarela. A partir dos 50 anos, a SBIM chama a atenção para a importância da imunoprevenção contra influenza, doenças pneumocócicas e hepatite B.

Existem vacinas que ajudam a prevenir o câncer?

Sim! Tratam-se das vacinas que protegem contra infecções consideradas como fatores de risco para o desenvolvimento de alguns tipos de câncer. São elas:

  • vacina contra a hepatite B, que ajuda a prevenir o câncer de fígado;
  • vacina contra o HPV (papilomavírus humano),que ajuda a prevenir os cânceres de colo do útero, de ânus, de boca e orofaringe, de pênis, entre outros.

Em relação à última, a vacinação na vida adulta (para quem não foi vacinado na idade recomendada) é indicada até os 45 anos. Porém, pode ser considerada e administrada em pacientes mais velhos, apesar da menor eficácia conforme a idade avança.

Qual é a relação entre a imunização e o câncer?

A vacinação em pacientes oncológicos varia caso a caso e deve, sempre, ser avaliada pela equipe médica responsável. De qualquer forma, entender a relação entre a imunização e o câncer é primordial para a sua saúde. Isso porque, neste grupo, as infecções têm mais chances de evoluírem, de forma grave  — piorando o quadro clínico como um todo.

Aliás, as enfermidades imunopreveníveis que apresentam maior risco para os pacientes oncológicos são:

  • as doenças pneumocócicas, cujo risco de desenvolver a forma invasiva é 12 vezes maior do que na população geral, aumentando dependendo do tipo de tratamento oncológico realizado;
  • e a influenza, cujo risco de hospitalização é quatro vezes maior, em comparação à população geral.

Vale destacar que o nível de imunocomprometimento é determinante para a resposta vacinal. Para potencializar os benefícios, deve-se recorrer a esquemas vacinais específicos, recomendados de forma individualizada.

Quais são as vacinas indicadas para pacientes com câncer?

Segundo a SBIM, o esquema vacinal para pessoas com doenças oncológicas em atividade pode incluir:

  • vacina contra a influenza;
  • pneumocócicas conjugadas;
  • pneumocócicas polissacarídea 23 valente;
  • herpes zóster inativada (VZR);
  • meningocócicas conjugadas;
  • meningocócica B;
  • hepatite A;
  • hepatite B;
  • HPV, até 45 anos;
  • Haemophilus influenzae B;
  • tríplice bacteriana do tipo adulto (dTpa) ou dupla adulta (dT);
  • Covid-19.

Mas, atenção: como mencionado, as recomendações vacinais para pacientes oncológicos podem exigir exigem esquemas diferentes dos recomendados para a população geral. Isso inclui reforços adicionais, indicações que não estão nos calendários de rotina e/ou contraindicações.

Portanto, quando se trata de imunização e o câncer, é preciso haver um planejamento adequado e individualizado. Para tanto, o/a oncologista responsável pelo acompanhamento considera a idade, o grau de comprometimento imune e o histórico vacinal pessoal, além do quadro clínico decorrente da neoplasia apresentada.

Como funciona a vacinação em pacientes oncológicos?

Para a melhor resposta imunológica, a administração das vacinas em pacientes com câncer deve ser feita, pelo menos, 15 dias antes do início do tratamento. Quando não for possível, é melhor aguardar entre três a seis meses após seu término.

Outro aspecto importante é utilizar apenas vacinas inativadas, pois vacinas de vírus vivos atenuados ou de bactérias podem ser perigosas. Na prática, como o sistema imunológico desses pacientes está debilitado, existe o risco de desenvolver a doença contra a qual deveria ter sido protegido.

Assim, pacientes oncológicos (adultos e idosos) não devem receber vacinas para febre-amarela, dengue, tríplice viral, tuberculose (BCG) e herpes zóster (composta por vírus vivos atenuados).

Por fim, é importante lembrar que a imunização dos chamados conviventes (familiares, cuidadores e profissionais da saúde) também é necessária, pois reduz o risco de transmissão das doenças infecciosas. A recomendação vale, principalmente, para pacientes cujo nível de imunodepressão contraindica ou reduz a eficácia das vacinas.

Para concluir, quando falamos sobre imunização e o câncer, a regra é clara: tome as vacinas indicadas, de maneira individualizada, pelo seu médico. Como mostrado, a medida ajuda a cuidar da sua saúde, protegendo contra diversas infecções e respectivas complicações. Além disso, é importante que acompanhantes e familiares de pacientes oncológicos também se mantenham imunizados, favorecendo ainda mais a proteção do seu ente!


Reconstrução mamária é um direito de toda mulher brasileira

Em abril deste ano se completará quatro ano da Lei federal nº 12.802/2013, que garante às mulheres mastectomizadas o direito de ter suas mamas reconstruídas no mesmo ato cirúrgico. A Sociedade Brasileira de Mastologia – SBM continua atuando na direção de ampliar cada vez mais esse atendimento, auxiliando às mulheres na luta por terem seus direitos garantidos. Embora a reconstrução em mulheres atendidas pelo SUS tenha aumentado no período entre 2008 e 2014, de 15% para 29,2%, cerca de 7,6 mil mulheres tratadas pelo SUS em 2014 não puderam ser beneficiadas pela Lei, o que preocupa a entidade.

De acordo com o Dr. Cícero Urban, membro da SBM, a entidade tem priorizado a formação e o aperfeiçoamento dos mastologistas nesta área para ampliar o número de profissionais qualificados e aptos para a realização desse tipo de procedimento. “Nas mastectomias, além das próteses mamárias que tem sido cada vez mais empregadas na reconstrução imediata, também temos as técnicas de lipoenxertia, que tem melhorado os resultados em situações que no passado pareciam quase insolúveis. Mas é preciso deixar claro que as cirurgias reparadoras tem limites e indicações precisas. Elas são mais complexas do que as cirurgias estéticas e as pacientes precisam estar bem informadas de tudo isto”, explica o mastologista.

A SBM tem realizado cursos de cirurgia oncoplástica em todo o país, qualificando cada vez mais os mastologistas brasileiros. De acordo com o presidente do Conselho deliberativo da SBM, Ruffo de Freitas Júnior, a reconstrução mamária já está incorporada na maioria das residências médicas na Mastologia. “Além disso, cursos estão sendo realizados para aprimorar ainda mais especialistas em todo o Brasil”, afirma.

Estudos já demonstraram os benefícios psicológicos e da autoestima da mulher o que impacta diretamente no bom convívio social, matrimonial e retorno precoce as atividades laborais quando as pacientes são submetidas à reconstrução mamária imediata e é nessa direção que a SBM tem trabalhado para colaborar com a mulher brasileira nesse direito adquirido por lei.


Nota à população sobre linfomas associados às próteses de mama

A Sociedade Brasileira de Mastologia esclarece que, em relação aos dados divulgados pela FDA, a agência americana responsável pelo controle de alimentos e medicamentos, e com base nos dados de conhecimento global desse e dos demais estudos analisados até o presente momento, não há necessidade de alarme em relação a riscos oncológicos ou em relação a outras doenças que possam ser provocadas pelas próteses mamárias. Os dados apresentados pelo FDA já são conhecidos da comunidade médica de especialidade.

O linfoma anaplásico de grandes células associado às próteses mamárias é um subtipo bastante raro de linfoma de células T, que se estima possa surgir um caso em cada 500 mil mulheres com próteses. Mesmo com o alerta dos 12 óbitos relacionados a esta doença nos Estados Unidos e na Austrália, os índices de cura para ela são bastante altos, ultrapassando 90% dos casos. A maioria das pacientes é tratada apenas com a remoção da prótese e da cápsula, sem a necessidade de quimioterapia ou radioterapia.

O silicone presente nas próteses mamárias é um elastômero e a sua viscosidade depende da sua massa molecular. Desde que foram lançadas estas próteses em 1962, foram criadas diversas gerações com diferentes viscosidades e texturizações no seu revestimento. As próteses atuais são de gel mais coesivo, com diversas camadas, o que permite que mantenham sua forma tanto na cirurgia estética quanto na reconstrução mamária. A grande maioria das próteses mamárias implantadas nas últimas duas décadas são texturizadas. Assim, não se consegue estabelecer um nexo causal claro entre a texturização e o surgimento desta doença, visto que quase não se implantam mais próteses lisas, e que também foram relatados casos de linfoma com próteses lisas.

É preciso ressaltar que as próteses mamárias são, entre todas as próteses implantadas no corpo humano com diferentes finalidades médicas, aquelas que foram mais extensivamente estudadas na literatura científica. Além disso, o silicone está na composição de diversos outros produtos da área médica, inclusive catéteres de quimioterapia e próteses de uso em outros órgãos e sistemas. É fundamental que quaisquer novos dados sejam analisados à luz de seus impactos para a saúde da população, levando em consideração os riscos potenciais envolvidos versus os benefícios conhecidos das terapêuticas empregadas.

Assim, a Sociedade Brasileira de Mastologia reitera o seu compromisso de vigilância e monitoramento constante de quaisquer informações que venham a afetar direta ou indiretamente a saúde e a segurança das pacientes sob os cuidados dos membros de nossa especialidade. E que não há nenhum dado até o presente momento que justifique qualquer mudança de postura ou intranquilidade por parte das pacientes portadoras de implantes mamários, sejam elas oriundas de cirurgias estéticas ou reconstrutoras. Devem essas pacientes apenas seguir com a realização de exame clínico mamário e exames de imagem regulares, e serem alertadas que esta é uma condição muito rara, para qual o seu cirurgião a estará monitorando.


Hereditariedade não é o principal fator de risco para casos de câncer de mama

A semelhança entre mães e seus filhos na maioria das vezes é visto como algo positivo, afinal, que mãe não gosta de se ver nos traços de seus pequenos? Porém, quando essa mãe tem câncer de mama, a genética passa a assustar principalmente às filhas que acreditam que serão assombradas pela doença a qualquer momento. Por isso, neste Dia das Mães, a Sociedade Brasileira de Mastologia esclarece que é mito pensar que a hereditariedade é o principal fator de risco em casos de câncer de mama. Estudos comprovam que apenas 5% a 10% de casos têm de fato na sua base uma composição genética familiar, ou seja, em sua maioria a causa do câncer de mama é chamada de tumores esporádicos, que acontecem ao acaso.

Ainda assim, mesmo não sendo o principal fator para a doença, testes genéticos podem ser realizados em mulheres com alto risco de mutações associadas ao câncer de mama. Porém, recente estudo publicado pelo JAMA, o Jornal da Associação Americana de Medicina, revelou que médicos costumam não recomendar este tipo de exame para pacientes nestas condições. “Mulheres têm muito interesse em testes genéticos, mas muitas não recebem indicação para fazê-los”, afirmou Allison Kurian, professora de Medicina na Universidade de Stanford e principal autora do estudo. “Isso é particularmente preocupante porque significa que os médicos estão perdendo a oportunidade de prevenir o câncer em portadoras de mutações e membros da família”, acrescentou.

O estudo identificou que cerca de 60% das pacientes que não realizaram o teste afirmaram que não fizeram porque seus médicos não recomendaram e apenas 40% de todas as mulheres com alto risco relataram receber aconselhamento genético para ajudá-las a decidir ou entender os resultados. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Antonio Luis Frasson, os resultados são preocupantes porque os testes podem ser uma ferramenta poderosa para mulheres de grupos de risco. “Por mais que a genética não seja o principal fator de risco para a doença, não podemos negar o direito da mulher de entender e decidir que tipo de cirurgia ela pode optar para tratar um câncer de mama ou tratamentos para tentar diminuir o risco de desenvolver novos cânceres no futuro.”

Segundo Frasson, o percentual de mulheres que faz o teste no Brasil é muito inferior ao que seria o recomendado. No sistema público, porque não está disponível, e fora dele, na maioria das vezes, por falta de informação e desinteresse.


Nota: anticoncepcionais aumentam risco de câncer de mama

Estudo revela que uso de anticoncepcionais aumenta o risco de câncer de mama

Estudo publicado no New England Jornal of Medicine, uma das mais prestigiadas publicações científicas do mundo, revela que o risco de câncer de mama é maior para as usuárias de anticoncepcionais em relação àquelas que nunca recorreram ao medicamento. O estudo também afirma que o risco é elevado na medida em que aumenta o tempo de uso tanto para as mulheres que usam atualmente quanto para as que utilizaram no passado.

A pesquisa foi realizada com 1,8 milhão de mulheres da Dinamarca, na faixa etária entre 15 e 49 anos, que não tinham tido câncer, assim como não tinham tido tromboembolismo ou feito tratamento para infertilidade. A partir do registro nacional, os pesquisadores obtiveram dados individualizados a respeito do uso de anticoncepcionais orais, diagnóstico de câncer de mama e fatores que pudessem confundir as informações. As pacientes foram acompanhadas por um tempo médio de 10 anos e foram identificados 11.517 casos de câncer de mama. Houve um caso a mais de câncer do que o esperado para cada 7.690 usuárias de anticoncepcionais hormonais.

Quando os dados foram comparados com os de mulheres que nunca usaram anticoncepcionais, o risco relativo de ter câncer de mama foi 20% superior em relação às não usuárias. O risco foi 9% superior a partir de um ano de uso e até 38% superior a partir de 10 anos. Isto significa, por exemplo, que se a chance de ter câncer de mama até os 50 anos é de 2%, para quem usou o medicamento por um ano o risco foi de 2,2%. E para quem usou por mais de 10 anos o risco foi de 2,76%.

Não houve algum tipo de anticoncepcional que não tenha tido relação com aumento de risco, inclusive os DIUs com progesterona.

O estudo não avaliou o impacto na mortalidade geral por câncer. Sabemos que anticoncepcionais reduzem o risco de câncer de ovário, de endométrio e câncer colorretal. Além disso, mulheres que usam anticoncepcionais são mais bem acompanhadas em relação as que não usam. Talvez, quando a avaliação de mortalidade por câncer for analisada, o risco de morrer por esta doença em geral possa ser inclusive menor.

Nem o estudo publicado e nem a Sociedade Brasileira de Mastologia recomendam que as mulheres interrompam o uso do anticoncepcional que estiverem utilizando. Baseado neste estudo e em estudos prévios sobre a relação ao uso de anticoncepcionais orais e câncer de mama, a Sociedade Brasileira de Mastologia sugere que cada usuária de anticoncepcionais avalie ou discuta com o seu médico sobre os riscos e os benefícios desta decisão. Isso porque o aumento de risco é relativo, dependendo da idade e do tempo de uso.


Mitos e verdades sobre o câncer de mama e novidades no tratamento

A Revista Marie Claire preparou um dossiê sobre câncer de mama: mitos e verdades, prevenção, leis de proteção ao paciente e novidades sobre a cirurgia de reconstrução, com entrevista do Dr Antonio Luiz Frasson, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia.

Confira:

Tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma, o câncer de mamaresponde por cerca de 25% dos casos novos a cada ano. Especificamente no Brasil, esse percentual é um pouco mais elevado e chega a 28,1%. O Outubro Rosa levanta questões e alerta sobre a doença. Marie Claire conversou com Antonio Luiz Frasson, Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, e tirou as principais dúvidas sobre o tema.

Confira:

Marie Claire: Qual é a prevenção correta para o câncer de mama?
Antonio Luiz Frasson: A prevenção não deve focar apenas nos fatores de risco associados ao câncer de mama, mas também nos fatores de proteção. Alguns fatores que aumentam o risco para desenvolver a doença, como obesidade na pós-menopausa, exposição à radiação em altas doses, exposição a pesticidas, terapias de reposição hormonal, sedentarismo, alcoolismo e tabagismo são passíveis de intervenção; outros fatores como sexo feminino, avanço da idade, início da menstruação antes dos 12 anos, menopausa tardia, gravidez após 35 anos, história familiar para câncer de ovário ou de mama, alta densidade mamária e mutações genéticas (BRCA1, BRCA2, PALB B2 e outros genes importantes ) não podem ser modificados. Considerando os fatores passíveis de intervenção, é possível prevenir o câncer mantendo peso saudável, dieta balanceada, prática de atividade física, além de não fumar e não ingerir bebidas alcoólicas em excesso. Para mulheres na menopausa, é aconselhável fazer reposição hormonal apenas quando necessário, sob orientação médica. No caso de haver história familiar para câncer de mama ou ovário, o que pode e deve ser feito é uma investigação para identificar a possível presença de uma predisposição genética hereditária e, com base nesta avaliação, tomar decisões sobre intervenções redutoras de risco. Estima-se que por meio da alimentação, nutrição e atividade física é possível reduzir em até 28% o risco de se desenvolver a doença.

Marie Claire: A paciente deve ir anualmente ao mastologista ou a ginecologista já é suficiente para fazer os exames preventivos?
ALF: A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que a mulher faça uma consulta ao mastologista uma vez por ano, além de realizar a mamografia também anualmente, sobretudo as mulheres a partir dos 40 anos. A consulta ao ginecologista para realizar os demais exames preventivos é igualmente importante. O diagnostico precoce ainda é a melhor forma de evitar os efeitos devastadores da doença com tratamentos agressivos.  Identificar o tumor precocemente significa aumentar as chances de cura e fazer tratamentos menos agressivos.

Marie Claire: Os próximos passos e possibilidades após o diagnóstico.

ALF: No momento em que se recebe o diagnóstico do câncer de mama, imediatamente a mulher tem a sensação de impotência diante de uma doença que, há poucos anos atrás, era praticamente uma sentença de morte. No entanto, com os avanços atuais nos métodos de rastreio, o diagnóstico de tumores pequenos permite altos índices de cura, cirurgias menos mutilantes, com excelentes resultados estéticos, assim como a descoberta a cada dia de tratamentos complementares mais eficientes que estão modificando o curso desta doença, antes devastadora, agora cada vez mais curável.
O apoio da família e dos amigos são fundamentais e excelentes coadjuvantes ao tratamento, assim como a procura por profissionais especializados no tratamento, neste caso o médico mastologista. Este saberá indicar a sequência ideal para tratar cada tipo de câncer. Cada vez mais o tratamento é individualizado de acordo com o perfil da paciente e tipo de tumor. O mastologista decidirá o tipo de cirurgia, a melhor maneira do tratamento com bons resultados estéticos (o que hoje chama-se oncoplástia), e se será necessário realizar quimioterapia ou hormonioterapia prévios ao procedimento cirúrgico. O mastologista também indicará outros profissionais envolvidos no tratamento do câncer, como oncologista clínico, radio-oncologista, fisioterapeuta, nutricionista e psicólogo, que são fundamentais para melhorar a recuperação e restabelecer a qualidade de vida da paciente.

Marie Claire: Mitos e verdades. O que pode provocar o câncer?

ALF: – Anticoncepcionais – MITO – Apesar de estudos relatarem aumentos ínfimos de risco para câncer de mama com o uso de anticoncepcionais orais com alta dosagem hormonal, estudos recentes com novas gerações desses medicamentos não comprovaram a associação entre o seu uso e o câncer de mama. Pesquisas sobre pacientes portadoras de mutação BRCA1 e/ou 2 também não apresentaram consenso de que essas pacientes possuam aumento do risco para câncer de mama pelo uso de anticoncepcionais.
– Uso de desodorantes – MITO – O câncer tem sua origem em uma mutação do DNA celular herdada ou adquirida por fatores ambientais. Nenhum tipo de desodorante tem potencial de causar modificação no DNA, muito menos o uso constante de sutiã. O que pode acontecer com o uso de determinados desodorantes são fenômenos dermatológicos como alergias, irritações ou foliculites, sendo indicado descontinuar o uso.
– Silicone – MITO – As próteses de silicone produzidas com a finalidade de uso médico não causam câncer de mama, podendo ser utilizadas com segurança tanto em pacientes que desejam cirurgia estética quanto naquelas com história ou presença de patologia mamária precoce.
– Reposição hormonal – VERDADE – Vários estudos demonstraram um pequeno risco aumentado para câncer de mama associado com terapia hormonal após a menopausa, principalmente após o quinto ano de uso. A terapia hormonal inclui terapia isolada de estrogênios e terapia combinada de estrogênio + progesterona. A terapia combinada apresenta um risco maior do que a que tem somente estrogênio. Outro efeito indesejado da terapia hormonal é o aumento da densidade mamária, que pode exigir exames complementares à mamografia (ultrassom ou ressonância magnética). É preciso discutir com seu médico os riscos e benefícios do seu uso para os sintomas da menopausa, devendo sempre levar em consideração outros potenciais fatores de risco associados ao câncer de mama, como a história familiar. Se possível, sua utilização não deve ser muito longa (acima de cinco anos).
– Gravidez – MITO – A amamentação representa fator de proteção para o desenvolvimento da doença, especialmente quando ocorre entre os 20 e 30 anos.
– Tabagismo – VERDADE – Pesquisas recentes levantam a possibilidade de que o fumo (tabagismo passivo e ativo) pode estar associado com um aumento do risco para câncer de mama, especialmente entre as mulheres na pré-menopausa. Este risco está associado com início precoce do tabagismo, maior duração e/ou maior quantidade de cigarros consumidos.
– Álcool – VERDADE – O consumo de álcool, mesmo em quantidades moderadas, está claramente associado ao aumento do risco para desenvolver câncer de mama de maneira proporcional à quantidade ingerida. Esse aumento do risco foi observado quando consumidos em quantidade superior a 10 gramas diários, o que corresponde a cerca de 1 cálice de vinho tinto cheio, 1 lata de cerveja ou uma dose de uísque. O mecanismo pelo qual o álcool aumenta esse risco é incerto, o mais provável é que decorra de aumento dos níveis de estrogênio e androgênios circulantes. Deve-se ressaltar que o aumento no risco ocorre em mulheres que ingerem álcool diariamente.
– Genética – VERDADE – Hereditariedade é fator de risco para casos de câncer de mama, mas não o principal fator de risco. Estudos comprovam que apenas 5% a 10% dos casos têm em sua base uma composição genética familiar. Testes genéticos podem ser realizados em mulheres com alto risco de mutações associadas ao câncer de mama para ajudar a decidir o melhor tratamento. Esses testes não estão disponíveis no sistema público de saúde.

Marie Claire: Quais as novidades sobre a cirurgia de reconstrução mamaria?

ALF: Mais antigamente, toda mulher que precisava retirar a mama por conta do câncer de mama precisava aprender a viver sem uma ou as duas mamas. Poucas eram as pacientes que conseguiam colocar um implante ou fazer uma reconstrução mamaria no ato da cirurgia. Já o médico, era visto como o profissional que retirava o tumor, mas não reconstruía a mama imediatamente. Felizmente, este cenário mudou ao longo dos últimos anos, e a partir de 2012 a mudança passou a ser maior também no sistema publico. . O governo federal sancionou a Lei Nº 12.802/2013, que garante às mulheres mastectomizadas o direito de ter suas mamas reconstruídas no mesmo ato cirúrgico.
Ainda é baixo o número de cirurgias reparadoras imediatas no sistema publico,  mas o cenário começa a mudar lentamente, já que existe uma falta de infraestrutura do Estado de um modo geral. A Sociedade Brasileira de Mastologia entende que a reconstrução mamária faz parte do tratamento, já que afeta não só a estética e a sexualidade da mulher, mas, essencialmente, sua autoestima. Por isso, a entidade vem desenvolvendo ações que buscam diminuir a fila de mulheres que aguardam no Sistema Único de Saúde (SUS), promovendo treinamento de cirurgiões mastologistas com cirurgias oncoplásticas em cursos de educação continuada. Dentro deste contexto, mais de 500 mulheres já foram beneficiadas.
Outra novidade é que reduziu o número de mastectomias e esvaziamentos axilares, assim como aumentaram as cirurgias conservadoras e reconstruções com implantes. Isso significa que as pacientes terão menos complicações e uma melhor qualidade de vida, pois estão sendo submetidas a tratamentos menos agressivos e menos mutilantes.

Marie Claire: Quais são as leis criadas para as mulheres que têm a doença, mas que não são cumpridas?

ALF: 1 – Acesso à Mamografia a partir dos 40 anos
A Lei 11.664/08 garantia a toda mulher a partir dos 40 anos a realização anual do exame. No entanto, uma portaria, através do Ministério da Saúde, modificou a idade do acesso à mamografia de 40 para 50 anos em diante, além de limitar o exame para a mamografia unilateral, ou seja, somente em uma das mamas. Essa portaria alterou a lei de 2009 que dava direito a todas as mulheres e causou um mal estar generalizado. Diante disso, através de um projeto de Decreto de Lei, já aprovado em março de 2015, as entidades do setor, inclusive a SBM, conseguiram o apoio de deputados para voltar ao termo original da lei. O projeto, que agora está no Senado, ao ser sancionado, torna o acesso ao exame possível de novo a partir dos 40 anos de idade.
2 – Lei dos 60 dias
Sancionada há três anos, a lei nº 12.732/12 é ampla e contempla todo o paciente diagnosticado com câncer. No caso do câncer de mama, a lei prevê que todo paciente inicie o tratamento no prazo máximo de 60 dias após o diagnóstico. Essa medida é determinante para a saúde do paciente. Estudos mostram que as pacientes chegam a levar 90 dias ou mais para iniciar o tratamento, o que resulta na frequência de diagnósticos de tumores avançados – pelo menos de 60% a 70% dos casos, o que não colabora com a redução da mortalidade.
3 – Reconstrução Imediata
A Lei 12.802, sancionada em 24/04/2013, garante as mulheres que se submetem à mastectomia (retirada de uma ou das duas mamas) o direito de ter suas mamas reconstruídas no mesmo ato cirúrgico. A exceção são aquelas cujo quadro clínico não oferece condições para isso, ou seja, caso o estado da paciente ofereça riscos à sua saúde, a reconstrução não será feita imediatamente. Caso contrário, a reconstrução mamária imediata é um direito de cada mulher e precisa ser respeitada. No entanto, um estudo recente realizado pela Rede Goiana de Pesquisa em Mastologia revelou que das 210 mil mulheres que realizaram cirurgias de câncer de mama no Brasil entre 2008 e 2015 pelo SUS, quase 44% (92,5 mil) fizeram cirurgia de mastectomia. Dessas, apenas 18 mil (20%) tiveram suas mamas reconstruídas pelo SUS, um cenário alarmante, pois a maioria das mulheres vive mutilada há anos aguardando pela cirurgia, seja por falta de informação, medo, vergonha ou autoestima baixa.

Marie Claire: Como é feito o acesso à informação?

ALF: É notório o desconhecimento sobre a importância de se cuidar e, em muitos casos, medo de ir à consulta e receber um diagnóstico indesejado. Isso acaba afastando as mulheres da prevenção e tratamento. Nesse sentido, o comportamento da mulher precisa melhorar. Grande parte não procura acompanhamento médico, outras realizam exames, mas não vão buscar o resultado, e muitas desconhecem inclusive o mastologista, que é o médico responsável pela saúde das mamas . Segundo pesquisadores da Sociedade Brasileira de Mastologia, quanto menos informação as mulheres recebem sobre a prevenção do câncer de mama mais chances elas têm de morrer em consequência da doença. As taxas de mortalidade aumentaram nos estados onde há alto índice de exclusão humana e social e baixo índice de desenvolvimento humano, como é o caso de Rondônia, Tocantins, Santa Catarina, Maranhão, Piauí, Alagoas, Sergipe, Ceará. Já nos estados onde o índice de desenvolvimento humano é alto e a exclusão social é baixa, as taxas diminuíram, como nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
Hoje, a informação acontece nas unidades de saúde e meios de comunicação, mas ainda há muito desconhecimento e informações equivocadas.

Marie Claire: Quais os obstáculos para que esse acesso ao atendimento às mulheres com câncer de mama seja mais eficiente?

ALF: A falta de acesso no sistema publico  é a principal preocupação e luta da Sociedade Brasileira de Mastologia. As mulheres que necessitam do atendimento pelo SUS encontram dificuldades para identificar onde e como agendar consulta com o mastologista, realizar a mamografia, biópsia e tratamentos, como quimioterapia e radiologia etc. Elas não recebem orientação adequada dos profissionais de saúde e são obrigadas a aguardar pela marcação através de um telefonema do Sistema de Centrais de Regulação (SISREG). Também há a questão de equipamentos quebrados em diversas unidades ou descalibrados e técnicos despreparados para fazer a mamografia.
Dentro deste contexto, os membros da  Sociedade Brasileira de Mastologia se solidarizam com as mulheres que passam por dificuldades enormes na busca de um atendimento qualificado e humanizado, e oferece treinamento constante para seus associados, na busca de uma formação que permita um atendimento ágil, moderno, seguro, e dentro de padrões internacionais de uma assistência com qualidade e eficiência

Fonte: Revista Marie Claire


Dores mamárias podem ser confundidas com câncer de mama

Mastalgia é o nome dado às dores mamárias que são comuns entre as mulheres, mas muitas desconhecem as suas causas. A mastalgia atinge cerca de 70% das mulheres, sem restrição de idade e, na maioria dos casos, as dores não representam nada grave. A recomendação da SBM é buscar uma consulta com o mastologista. Para muitas mulheres, as dores são confundidas com câncer de mama.

São três as definições de mastalgias:

  • Clínica, que geralmente acontece no período menstrual, durando sete dias e podendo piorar nos dias que antecedem a menstruação.
  • Acíclica, que pode ser constante ou intermitente, é mais comum no período da menopausa e pode estar relacionada aos quadros de inflamação das mamas, algum trauma, cisto mamário ou à gravidez.
  • Extramamária, que tem relação com a nevralgia intercostal, contratura muscular, artrite, fibromialgia, entre outras. Pode ter origem na parede torácica, e comumente a paciente relata que sente dor no início da mama. Elas são denominadas conforme a intensidade e os sintomas mais leves não têm interferência na vida da mulher. A dor severa pode se estender pela axila e pelo braço, tornando-se um empecilho nas tarefas do dia a dia.

Essas dores são relacionadas ao câncer de mama, mas em 90% dos casos a doença é silenciosa, ou seja, não causa dor. Isso não significa que um médico não deve ser procurado, os especialistas recomendam que esta seja a primeira atitude a ser tomada pelas mulheres caso sinta dor no peito.

Quando a consulta é marcada, muitas vezes o esclarecimento sobre a dor já é o suficiente para o alívio dos sintomas. Em outros, é necessário realizar exames complementares, como a mamografia e a ultrassonografia. Caso a mastalgia não tenha seus sintomas aliviados por meio da orientação verbal do médico, ele pode prescrever que a mulher tome anti-inflamatórios não-hormonais ou a prática de tratamentos de fisioterapia e acupuntura, que ajudam a amenizar a dor.


Cistos Mamários: motivo de consultas e dúvidas frequentes

Os cistos mamários são motivo de inúmeras consultas e dúvidas frequentes em consultórios de Mastologia. Fazem parte do processo de envelhecimento natural do tecido mamário e ocorrem em aproximadamente 75% das mulheres. Podem surgir rapidamente, de um dia para o outro, e a história típica é a de uma mulher que tem exames absolutamente normais, porém no dia seguinte pode acordar com um nódulo de mama.

O aparecimento é súbito e, na maioria das vezes, os cistos desaparecem espontaneamente com o passar do tempo, pois a área cística passa a ser reabsorvida ou progressivamente substituída por gordura. Portanto, os cistos mamários estão envolvidos com o processo de maturação e atrofia da glândula mamária. Este processo, de um modo geral, inicia em torno dos 27 aos 30 anos e perdura até a menopausa. Em mulheres que fazem terapia hormonal de substituição é frequente o achado de cistos mamários, mesmo após a menopausa.


Atividade física regular tem efeitos positivos no câncer de mama

Para especialista da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), estudos realizados por importantes centros de referência nos Estados Unidos revelam resultados promissores associados ao estilo de vida das pacientes

Novo estudo publicado pela conceituada revista da Sociedade Americana de Oncologia Clínica destaca a importância da atividade física no prognóstico do câncer de mama. A pesquisa revela reduções significativas na taxa de mortalidade e na recorrência da doença em mulheres que mantiveram um estilo de vida saudável antes, durante e após o tratamento. “Os resultados são de fato surpreendentes e é possível afirmar que a prática regular de exercícios, dentro das recomendações estabelecidas, reverte-se em benefícios importantes para a saúde e o bem-estar das pacientes”, afirma o mastologista Silvio Bromberg, membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).

O estudo multicêntrico, publicado na Journal of Clinical Oncology e liderado pelo oncologista Davide Soldato envolveu 10.359 mulheres diagnosticadas com câncer de mama em estágio I a III. No acompanhamento por aproximadamente 6 anos, os pesquisadores constataram que a atividade física moderada entre 90 minutos a cerca de 5 horas por semana foi associada a uma redução no risco de recorrência da doença.

“Os dados indicam que a atividade física regular pode ter um efeito antitumoral significativo, especialmente em determinados subtipos”, afirma Bromberg. Em pacientes com câncer de mama triplo-negativo, agressivo e de rápida evolução, “a taxa de sobrevivência livre de recorrência a distância (DRFS)” foi de 86% para praticantes de exercícios semanais por menos 90 minutos e de 91,6% para as mulheres que se dedicaram a um período igual ou maior a 90 minutos por semana. “Em pacientes HER2-positivas, a DRFS foi de 90% em menos de 90 minutos, e 96% em mais de 90 minutos semanais”, destaca o mastologista.

Outro estudo, também recente, envolveu 1.340 mulheres com câncer de alto risco. Conduzido por pesquisadores do Roswell Park Comprehensive Cancer Center, que desde 1898 se dedica, especificamente, a pesquisar a doença, analisou a adesão das pacientes a recomendações de estilo de vida saudável, incluindo atividade física, consumo de frutas, vegetais, carne vermelha e embutidos, bebidas adoçadas, ingestão de álcool, tabagismo e índice de massa corporal.

Nas investigações lideradas pela epidemiologista Rikk Cannioto, os resultados foram surpreendentes. “Mulheres que mantiveram um alto índice de estilo de vida saudável antes, durante e até dois anos após o tratamento da doença apresentaram uma redução de 58% em mortalidade e 37% na recorrência do câncer de mama”, ressalta Bromberg.

De forma generalizada, o tempo de atividade física definida para mulheres com câncer de mama equivale a cerca de 75 minutos por semana. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda entre 150 e 300 minutos de exercício moderado ou 75 a 150 minutos para atividade intensa por semana.

“Os dois estudos reforçam a importância de um estilo de vida ativo para pacientes com câncer de mama, com destaque para a atividade física como uma ferramenta crucial na redução da mortalidade e recorrência da doença”, conclui o médico Silvio Bromberg, da Sociedade Brasileira de Mastologia.